segunda-feira, 4 de julho de 2022

O TEMPO PASSA, A SAUDADE NÃO


Quatro de julho é um exemplo que o tempo passa, e a saudade não.


A minha mulher Regina nasceu nesse dia bem próximo ao meu, porém em anos diferentes.


Durante seus poucos anos de vida, fez questão que os nossos aniversários fossem comemorados no mesmo dia do meu, dois dias depois do seu.


Sempre fazia a festa em nossa casa, com os parentes e amigos.


Só houve uma exceção que por coincidência, foi quando completei quarenta anos de idade, em 1975.


Aceitou a minha sugestão para celebrarmos nossos aniversários, em jantar no restaurante Cacimba, do Telmom Brandão, em Santo Antônio do Leverger.


Convidamos o nosso hóspede e primo Carlos Alberto Novis Botelho.


Quando a Regina completou 60 anos, não aceitou de jeito nenhum, a festança no dia quatro de julho.


Esperou o dia seis para uma grande festa surpresa que seria toda sua, preparada pelos filhos e amigas e ficou como a festa “fake news” dos meus 69 anos.


Era queridíssima por todos que a conheciam, generosa e católica praticante.


Constituiu uma família unida, e chegou a se apaixonar intensamente pelas suas cinco netas e um neto.


Participou da educação e vida escolar dos nossos três filhos, saboreando as suas vitórias nos cursos de Direito, Odontologia e Medicina.


Gostava da vida caseira, fez da nossa casa na rua Major Gama, no Porto, uma das últimas salas de visitas de Cuiabá.


Fez inúmeras viagens internacionais ampliando seus conhecimentos e cultura.


Poliglota, apreciava novas tecnologias, e foi aluna do 1º laboratório de línguas da UFMT, onde era uma desconhecida.


Adquiriu o primeiro telefone móvel que aqui chegou, comprou também logo um computador e contratou um professor.


Com extrema facilidade usava esses equipamentos e chegou a fazer os pagamentos da casa pela internet, com a minha admiração.


Depois, fez questão de me ensinar as coisas básicas de computação que me ajuda até hoje.


Foi sempre presente nas decisões da minha vida, desde nosso retorno para o exercício da minha profissão.


Argentina de nascimento, criada no Rio de Janeiro, adotou Cuiabá como a sua última morada.


Administrou a nossa vida financeira, amava o Rio de Janeiro, e o mirante da Pedra do Leme.


Um achaloma, descoberto pelo nosso filho caçula ultrassonografista, após cirurgia do rim em São Paulo, concedeu-lhe menos de cinco anos conosco.


Hoje, quatro de julho, recordo dos bons momentos passados com a Regina.


Sem dor, mas com muitas saudades e pensando sempre como ela estaria feliz, com os seus quatro bisnetos que já sabem quem é a sua bisa.


São 16 anos de ausência, e a saudade não passa.


Gabriel Novis Neves

04-07-2022








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