Escrevo diariamente e sou desorganizado por natureza. Após certo tempo não é nada fácil programar as crônicas para publicar no blog, o bar-do-bugre.blogspot.com.
O velho já tem por hábito guardar tudo que chegue às suas mãos e depois não se lembra onde guardou.
Só tem certeza de uma coisa: o que ele procura não está perdido. Está guardado. Mas, onde?
Certa ocasião, a enfermeira que à noite atendia minha mãe relatou que ela sempre dormia cedo, após a reza do terço.
Acordava de madrugada e revirava as gavetas da cômoda, armários e até o oratório, onde tudo de valor lá estava guardado.
Ela protegia muito bem seus pertences, que poderiam ser algumas notas de dinheiro amarradas com um fio elástico, assim como comprovantes de pagamento de aluguel da sua última morada - um pequeno apartamento.
Pois bem, no meu caso, na mesa do laptop onde escrevo, possuo uma série de apetrechos, como um pequeno calendário do laboratório do meu filho.
Tenho também três potinhos onde guardo canetas bic, coloridas, lápis preto, um pequeno gravador, cartões para anotações, um mini Dicionário da Língua Portuguesa de Houaiss, além de folhas de papel com alguns endereços.
A mesa possui ainda duas pequenas gavetas à direta, onde a balbúrdia é geral – pequenas cadernetas com velhos endereços. Material para limpeza da tela do computador, cartões da mega-sena, blocos antigos de receitas médicas da clínica onde atendia e até o meu carimbo de médico.
Para esse tipo de gente é necessário auxílio de uma secretária para facilitar o trabalho de selecionar a crônica que será publicada, tendo o cuidado antes de checar se ela já fora publicada (são 2.367).
Anotar as outras para os próximos dias e assim por diante.
Sei que isso é um sonho para mim, mas, o que seria da humanidade se não existissem os sonhadores?
Gabriel Novis Neves
08-06-2021
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