domingo, 11 de julho de 2021

AMORES MATERNOS


Fui criado com ausência dos amores das avós. A materna, tendo atendido chamado divino, dirigiu-se para a Eternidade com filhos ainda pequenos e legou essa ausência sofrida à prole e seus descendentes. Da paterna, guardo carinhosamente um retrato sentado em seu colo, com meses idade, antes de se despedir da vida. Delas e seus amores dedicados soube por relatos, suspiros de saudade e boas lembranças guardadas por familiares que com elas conviveram. 


Tudo que melhor aprendi e sei sobre as atividades e amores de avós, adveio com a minha mulher após o nascimento dos netos. E aprendi muito, à ponto de poder assegurar ser extremamente importante na educação de uma criança essa figura ímpar na constelação familiar; vivenciada por mim já na maturidade.


Meus netos eram "agarrados" com sua avó e o amor era recíproco e predominante. Isso foi marcante para as crianças e para ela, que ainda jovem foi chamada à Eternidade, legando inesquecíveis lembranças revividas por todos, em especial quando as reuniões familiares são permitidas e efetivadas.


Os almoços "domingueiros" eram tradição mantida religiosamente, sob comando seguro da matriarca da família. Todos as semanas, inclusive na que antecedeu sua partida. Sei quanto lhe foi difícil suportar a idéia de afastar daquele convívio, embora  se tornasse inarredável caminho.


Há no quarto painéis de fotos com a avó e  netos em viagens, aniversários e no aconchego do dia-a-dia. A muita dor de encerrar esse ciclo é compensada, por todos, pelas lembranças saudadosas da querida avó; conforme eu mesmo tenho em um único retrato.


Minha mãe deve ter se desdobrado para suprir a ausência de sua mãe, que tão jovem partiu, e das avós que nunca tive. O fez para evitar uma lacuna na minha personalidade. É muito bom saber ser amado pela mãe; e o que não dizer de receber em tempo integral uma dose dupla de amor?


Procuro me extrapolar para cobrir a ausência das avós na família e estou satisfeito com os resultados emocionais colhidos. O resultado é experimentar amar intensamente e ser amado em igual proporção em dose tripla (por filhos, netos e bisnetos).


Atualmente, estou aprendendo mais sobre os amores das avós pela experiência da filha, que já tem duas netas e um neto, e também com uma nora, que cultiva o amor por um neto.


É desse combustível que abasteço o meu tanque existencial, até quando Deus quiser!


Gabriel Novis Neves

05-07-2021

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