segunda-feira, 20 de novembro de 2023

UMA PÉSSIMA NOTÍCIA


Estou sem ar-condicionado! Foi assim que acordei em uma cidade que é cantada, em prosa e verso, por seu calor, já beirando a casa do insuportável.


Sim, não funcionava o do meu dormitório. Saída foi botar a boca no trombone, e logo me chegou o técnico.


Após um exame sucinto, veio a hipótese de sério problema no compressor. O aparelho foi retirado e levado para a oficina.


Mais tarde, ele me avisou que o compressor estava com ferrugem, algo decorrente do tempo de uso. E disse mais: que os ‘bornes’ estavam enferrujados. É ‘pra cabá!


Ninguém é obrigado a saber tudo. Mas todos, ao menos, devemos ser curiosos.


Taí: ‘curiosidade’ é um termo a que dedico predileção: tem a mesma raiz de cura. Sim, curioso é aquele que busca debelar a sede das suas inquietações: corre atrás das respostas.


Curioso, portanto, fui logo ao ‘pai dos burros’. Soube que ‘borne’ é ‘a peça metálica com um parafuso na parte superior, destinado a fixar o fio elétrico que a atravessa’.


O competente técnico me aconselhou comprasse um novo. Assumiu a tarefa de fazer uma tomada de preços pela internet, cotejada com as lojas de Cuiabá.


Já me adiantou que o preço da internet será bem mais acessível. O antigo aparelho é ferro-velho, sucata, e não compensa consertá-lo.


Tudo certo.


Consequência disso é que, com alegria desmedida, serei forçado a mudar de quarto por alguns bons dias.


Quer saber o problema disso tudo? No alto dos meus dias, acostumado com as ‘minhas tralhas’, vejo-me como apunhalado: essa mudança de quarto no interior de um mesmo apartamento me deixa perdido: sem pai nem mãe. É de doer.


Sei: passo o maior período do dia em meu escritório. O problema pode até não ser drástico, ao modo como, no início, se me apresentou.


Os anos voaram para mim. Hoje não me faço de cordato: sou ‘cheio de manias’. Uma delas como nunca eu o sinto, é sempre dormir no meu quarto. Invariavelmente, do lado direito da cama, em posição fetal. Pode isso?


Minha filha decidiu se mudar para sua casa nova. Muito preocupada, construiu um apartamento que me atendesse, assim como à cuidadora.


Gosto à beça do meu apartamento e não vejo como, nem por que sair daqui. Deus, soberano que é, só Ele será capaz de me fazer mudar de ideia.


Terei de esperar, ‘contando os dias’ com os dedos das mãos. Pelo menos até que a instalação do novo aparelho de ar condicionado me devolva a paz perdida.


A primeira coisa que tratarei de fazer, será verificar seu prazo de validade. Esse simples detalhe, à primeira vista envolto em pequena insignificância, para mim é de valia descomunal.


Já não se ignora que as indústrias trabalham, a cada dia mais, com tempo menor de utilização dos seus produtos.


Aliás, no pensar dos economistas, isso se tornou necessário para franquear guarida aos postos de trabalho.


A quem acalenta o propósito de completar e — por que não? — de ultrapassar o seu centenário, ‘para bom entendedor meia palavra basta’. Recado dado!


Gabriel Novis Neves

15-11-2023






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