sexta-feira, 24 de novembro de 2023

COISA DO CORAÇÃO


Minha relação com a Congregação Salesiana é bem antiga, arraigada na alma. No período que medeia entre 1946 e 1950, fui aluno do ‘Colégio dos Padres’, em Cuiabá. Ostenta este nome oficial: Colégio Salesiano São Gonçalo.


Aí estudei não só para o exame de admissão. Fiz igualmente os quatro anos do antigo curso ginasial. Foi um tempo de descobertas raras. Mas sobretudo de realizações.


Com os salesianos, muito aprendi. Não bastassem as disciplinas próprias do currículo, pude adquirir o essencial de ética, religião, esportes e artes.


Todos os dias, antes do início das aulas, o padre conselheiro, ao empunhar pequena campainha de bronze, no pátio ao lado da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, organizava os alunos por série. Todos em fila.


O Hino Nacional era cantado, sob a batuta do padre Pedro Cometti. A ‘ordem do dia’ era dada. Depois, assistíamos à Santa Missa no Santuário.  


Findo o ato religioso, sempre em fila e em total silêncio, dirigíamos às salas de aula.


As meninas estudavam no Colégio Coração de Jesus, das irmãs salesianas, que ficava na rua Comandante Costa. Conhecida, à época, como rua da Fé.


A Congregação Salesiana foi fundada por Dom Bosco em 18 de dezembro de 1859. O grande desejo dele, pequeno ainda, era ‘cuidar das crianças pobres’.


O oratório festivo tinha o intento de socializar os jovens, por meio do esporte e das artes. 


Focados na educação, os salesianos implantaram, em Mato Grosso, inúmeras obras sociais. É meritório o trabalho evangelizador deles, em meio às populações indígenas.


Minha única filha é ministra da Eucaristia, atuando, por incrível que pareça, na mesma igreja do Santuário de Maria Auxiliadora, que muito frequentei quando molecote.


Meus filhos — poderia ser diferente? — estudaram no salesiano. Todos se casaram neste Santuário. Netos e bisnetos, sequenciando o que comigo ocorreu, frequentam este espaço de escol, participando da catequese. 


A chegada dos salesianos ao Brasil se deu, precisamente, em Niterói. Corria 14 de julho de 1883. Está isso a justificar os festejos em comemoração dos 140 anos.                                                                                                                                   


Em Mato Grosso, Cuiabá, sua presença data de 16 de junho de 1894. No ano que está para abrir suas portas, os salesianos cuidarão de homenagear esse fato que tanto lhes diz.


Tendo nascido em Turim, na Itália, a Congregação de Dom Bosco só veio a pisar o solo mato-grossense trinta e cinco anos depois de sua fundação.


E pensar que Dom Bosco, o santo dos Jovens, já havia sonhado com uma grande metrópole no Centro-Oeste do Brasil!


É bem provável que o sonho do santo coincidisse com o local onde, mais tarde, viria a se instalar Brasília, a futura capital do Brasil.  


Talvez resida aí o motivo da forte presença da missão salesiana no Centro-Oeste, notadamente em nosso Estado.


Dom Bosco não conheceu os países do novo ‘continente’, sempre presente em seus sonhos. Mas se preocupou em destinar para cá seus filhos, que tanto fizeram em prol dos povos que aqui tinham fincado seus pés.


Tudo que for orquestrado para os 130 anos dos salesianos em Cuiabá, ficará sempre aquém, dada a grandeza do trabalho com que os abnegados filhos de Dom Bosco nos brindaram.


Volvo os olhos ao passado. E revejo — como fosse hoje —, no alto do portão de entrada, uma frase de Dom Bosco: ‘Educação é coisa do coração’.


Ficou-me para sempre gravada. O santo está a nos dizer: jamais pode haver educação sem carinho. Bem nisso, eu o sei, se assenta a razão do carisma salesiano.


Gabriel Novis Neves

16-11-2023



HISTÓRIA DA MISSÃO SALESIANA EM MATO GROSSO

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