A cozinheira me avisou que, no congelador, havia produtos suficientes para preparar apetitosa feijoada.
Ideia é que fosse servida num dia em que o frio nos atropelasse. De preferência, no almoço familiar de sábado.
Como as temperaturas aqui permaneceram elevadas, ela decidiu por prepará-la para o almoço de uma quinta-feira. Taí, só nós estávamos, sem mais ninguém para degustar um almoço desses.
A temperatura se fazia ‘amena’ no horário do almoço: 40 graus no interior do apartamento.
Às 14h, a se confirmar a previsão da meteorologia, atingiria 41º!
Quem mais sofre com isso são as plantas do jardim da cobertura.
Solicitei ao paisagista que comprasse telas finas para protegê-las deste sol causticante.
As coitadas já manifestam sinais de sofrimento, ainda que, com carinho, sejam regadas duas vezes ao dia.
No almoço, graças à cozinheira terei feijão preto com orelhas de porco, costelinhas de porco, pedaços de carne de porco, torresmo, pezinhos de porco, rodelas de linguiça de porco.
Fosse palmeirense, viria bem a caráter...
Tudo acolitado por arroz branco solto, couve, farofa de miúdos de porco. E laranjas descascadas. Almoço nobre, nos dias de hoje. À época dos escravos, era o restolho, reservado a eles.
O prato de entrada: salada verde com tomate, palmito, azeitona e castas de caju. Estas, do Pará! Trituradas!
O planejamento em Cuiabá reedita calor para o ano inteiro. Pior é que até as sempre bem-vindas chuvas da manga e do caju sumiram de vez.
De há muito, disseram-nos que a natureza nos presenteou um rio piscoso que cortava nossa cidade. Sem dúvida, o caminho dos deuses para transportar nossa alimentação.
As pesquisas estão aí para comprovar que o cuiabano não gosta de se alimentar com carne de peixe. Embora assim, o pacu, nosso peixe mais popular, é cantado em prosa e verso.
O modo de fazer o peixe cuiabano é prato cobiçado pelos turistas. Daí por que se diz que ‘quem come cabeça de pacu nunca mais sai daqui’.
Tenho cá comigo que o cuiabano gosta mesmo é do tradicional churrasquinho, amigos à volta.
Seja nos modernos condomínios perseguidos pelos endinheirados, seja nos mais distantes bairros da periferia, o domingo é sagrado para comer uma carne na churrasqueira, acompanhada de uma ‘bem’ gelada. Afinal, é voz batida e rebatida: ninguém é de ferro!
Nos riachos da Chapada, local de descanso para curtir os fins de semana, sempre se observa fumaça. Sinal de que estão cuidando de preparar o saboroso churrasco.
A carne assada enfiada no espetinho de madeira é vendida na entrada da Arena Pantanal e nos pontos de concentração da cidade.
O espetinho é feito em uma carrocinha para esse fim preparada. O vinagrete e farinha de mandioca não podem faltar.
Quer mesmo saber: eis aí uma delícia! Não há quem não se esbalde, a despeito de qual seja a classe social.
Gabriel Novis Neves
19-10-2023
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