Nos almoços em família, a moela é o pedaço predileto da criançada. Isso não é de agora. Sempre foi assim, desde os meus saudosos tempos da infância.
Sou testemunha disto: como era disputada pelas crianças! Fico a matutar qual a razão desse entrevero. Suponho esteja neste fato: no ardor da peleja, só um seria ‘vencedor’. Afinal, havia uma moela em cada galinha.
Com a industrialização dos galináceos, os mercados vendem pacotes de moelas de até um quilo.
Há bem pouco — sei que o termo não merece palmas —, me ‘empanturrei’ com um prato de moela. Veio-me acompanhado de arroz branco, com rodelas finas de abobrinha.
Ao modo como costuma dizer um amigo de tempos que já vão longe, é de virar os olhos, tão gostoso estava.
Como não me recordar da minha época de moleque, dos meus pais e irmãos que habitam outro Plano. Dia chegará em que, felizes, haveremos de nos reencontrar!
Como não pensar naquela cidadezinha do interior — pouco mais ou menos cinquenta mil habitantes —, pra lá de esquecida do resto do mundo!
O transporte fluvial, eu me lembro bem, era pelo rio Cuiabá, Paraguai, Bacia do Prata e oceano Atlântico.
O trecho entre Cuiabá e Rio de Janeiro nos devorava algo próximo de dois meses. Se era aventura? Sim, e das raras!
Esse rosário de recordações — sensíveis como se vividas na semana que findou —, eu desfiei tão só algumas contas. A culpa, diga-se, deve ser creditada à moela de galinha.
Arremato: ela constitui o ‘estomago muscular da galinha’. Consistente que é, faz-se muito apreciada pelos carnívoros.
Rica em nutrientes e vitaminas, com grande teor nutricional. É servida em espetos nas churrascarias, dada a preferência que lhe conferem.
Merece espaço no cardápio do dia a dia, o que se deve, creio, a uma técnica bem aprimorada de limpá-la.
Já descongelada, dentro de um recipiente próprio, leve para a pia, deixando que a água corrente vá cuidando de depurá-la.
Com as mãos, vá limpando a moela. Aos poucos, elimine a sujeirinha interna, que pode estar aderente à carne.
Água sem economia. Depois, ponha para ferver em água com vinagre, para excluir de vez o forte odor.
Escorra e tempere com alho, sal e louro. Deixe banhar no tempero, pelo menos por meia horinha.
Todo cuidado é pouco: as moelas devem ser mantidas sempre limpas e secas.
Podem ser feitas de várias formas — ao molho, frita acebolada, na panela de pressão com batata, com creme de leite. Sempre apetitosa. O ensopado de moela com arroz branco é dos deuses!
Reforço: esse petisco é delicioso de qualquer forma! Por tê-lo degustado vezes amiudadas, dou-lhe minha palavra.
Gabriel Novis Neves
26-10-2023
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