Aprendi com meus saudosos pais que ‘os domingos são dias para descansar’. Tenho comigo que tal ensinamento lhes veio da Igreja.
Certas profissões, dado que prestadoras de ‘serviços essenciais, ’ patenteiam exceção. Daí trabalham aos domingos e aos feriados nacionais e religiosos.
Depois de ingressar na Faculdade de Medicina, compreendi que todos os dias evocam o mesmo sentido para o médico.
Ao retornar à minha terra natal, só me dei o luxo do descanso após a minha aposentadoria. Ainda assim, não de todo.
Aos domingos, já não desfruto do almoço em família. Por imposição de problemas trabalhistas, nosso encontro passou a ocorrer aos sábados.
A CLT — Consolidação das Leis do Trabalho — faculta folga aos domingos para servidores e funcionários, feita exceção ao pessoal que presta ‘serviços essenciais’.
Em meio a outros, nisso se encaixam médicos, plantonistas de hospitais, cuidadores de idosos, policiais, bombeiros, pessoal do transporte aéreo, naval e terrestre.
O domingo veio a ser, ao menos para mim, um dia quase normal, com esta vantagem: ele me priva do barulhão das ruas. Ah, também me premia com o futebol, que tem o dom de deliciar essas tardes nobres.
Assinalo que o almoço de domingo me é diferenciado: o prato é montado pela ‘cuidadora’ de plantão, com os quitutes colhidos na véspera.
A bem-dizer, um dia raro para aprimorar as crônicas, tão instigadoras para mim nesta quadra da vida.
Vejo-me impossibilitado de sair de casa, em razão da artrose dos joelhos, somada à disautonomia. Tudo se agrava pelo calor sufocante de 40 graus, com sensação térmica de 48. Impossível me deslocar a algum lugar.
A meu sentir, ‘caiu como a sopa no mel’ o dia de domingo em minha idade avançada. Veio muito a caráter para ler matérias mais descontraídas, não desprezados os temas que imprimem mais seriedade.
Em acréscimo, é o maior tempo de que disponho para redigir meus textos, que me embalam de encanto o cotidiano.
Em suma, o domingo encarta um misto de tranquilidade e de fascínio, convite a enfrentar a segunda-feira com leveza.
Ao menos, esta não me respinga aquele ar um tanto carrancudo, que descompensa a vida da maioria dos mortais.
Não nego: o domingo se faz ideal para poder selecionar as crônicas da semana, emprestando a elas a última revisão. E o editor agradece.
Aliás, atenção ainda mais cuidada eu direciono à de domingo, por saber que meus leitores, no agasalho do seu lar, poderão curti-la com carinho de longe maior.
Gabriel Novis Neves
15-10-2023
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.