sábado, 25 de novembro de 2023

FAMÍLIA DE ARTISTAS

 

Meus filhos me mimosearam com quatro bisnetos: duas meninas e dois meninos. Três são cuiabanos da gema. O bisneto mais velho, cinco anos, filho de português, nasceu e mora em Portugal.


Os que aqui residem, têm um pré-requisito básico para se tornar artistas: são pra lá de desinibidos. Coisa difícil de ver nessa faixa etária.


As crianças frequentam um excelente Conservatório de Música. As meninas estão aprendendo piano. Com esta ressalva: a mais mocinha também estuda canto!


Esperto, o guri acompanha as músicas, nos aparelhos de percussão: bombo, pandeiro e bateria. E não é que o danado leva jeito! A harmonia das músicas o encanta.


Na última apresentação musical com alunos do Conservatório, num grande teatro da capital, lotado até as tampas, estavam eles lá. 


Quando pequeno, eu era de todo inibido. Por isso, até me chamavam de ‘bicho do mato’. Vivia agarrado às saias da minha mãe.


Em tempo algum, pensei em me apresentar num palco de teatro. Mas quem manda no destino? Quis ele que eu fosse para a ‘boca do palco’, acompanhando a atriz Tônia Carrero. 


Foi em 1982, na inauguração do Teatro da Universidade Federal. À época, tínhamos só uma sala de cinema em Cuiabá. Era o Cine-Teatro.


À presença da bela atriz, não lhes nego, tremeram-me as pernas. Alunos, servidores e professores da UFMT, gente querida da sociedade, todos ali se apinharam. Não havia poltrona vazia.


Afinal, um acontecimento único. De notar, as palavras elogiosas de uma das damas do teatro brasileiro.


Encenou-se Macunaíma, de Oswald de Andrade. Tanto a direção quanto o elenco do espetáculo couberam a Antunes Filho, da Academia Brasileira de Letras. Show! Nada havia que destoasse.


Volto ao cerne: criança aprende com extremada facilidade. O mesmo não se dá com um ‘burro velho’. 


Faço parte da geração de crianças que obedeciam, às cegas, aos mais antigos. Aos cinco anos, morei um tempo com meu avô. Para que não me rendesse ao ócio, ele resolveu me ensinar o difícil jogo de xadrez.


Além do lazer, foi-me bem educativo: abriu-me o ensejo de raciocinar melhor, de controlar as emoções, hábil a me mostrar que nós todos somos importantes.


A verdade é que aprendi a jogar xadrez antes da alfabetização. Quanto isso não me facilitou para a aprendizagem escolar!


Fosse meu avô um músico, é muito provável que também eu fosse alguém de destaque na música. Talvez até um artista…


Mero devaneio. A bem-dizer, palmilhei a avenida que eu mesmo elegi, no intento de cumprir o que Deus de mim arquitetara.


Bem por isso, sou ao extremo realizado!


Gabriel Novis Neves

21-11-2023



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