segunda-feira, 30 de agosto de 2021

PERTO E DISTANTE


Cuiabá está há 1h50m de voo direto para São Paulo, o que, convenhamos,  é muito perto. 


Por “barato”, levando em conta o preparo para entrar no avião, o pouso, transporte até o local desejado, tranquilamente podemos acrescentar mais 4 horas.


O horário para retornar a Cuiabá não escolhemos nem a Companhia de Linhas Aéreas, e sim, o período de melhor transito da cidade mais populosa da América do Sul, arranha-céus e veículos. A tecnologia é um avanço, mas o “pacote” com que nos é ofertado é de amargar.


E o que dizer de viajar em tempos de Covid? Se não for por motivo de saúde ou trabalho inadiável é uma aventura. E aqueles inúmeros passageiros que apresentam limitações de locomoção? Enfrentam a precariedade dos nossos aeroportos sem Finger, e são submetidos a verdadeiros exercícios olímpicos para subir e descer as escadas da aeronave.


O perto e longe sempre me atraíram, pois exerci profundamente durante a minha vida essa aventura de estar distante e perto, perto e distante.


Como estudante no Rio, deixei mãe, pai, irmãos e amigos em Cuiabá. Depois, dois filhos foram estudar em Brasília e Rio, onde eu e minha mulher vivemos o perto e distante, cabendo a ela a presença no Rio, já que o filho que estudava em Brasília sempre estava conosco. Com o casamento dos dois filhos e da minha filha única, vivenciamos a síndrome do “ninho vazio”, embora com os três filhos morando na mesma cidade.


Há quinze anos sinto mais intensamente essa história do perto e distante por problemas biológicos e da idade. Meus médicos são de Cuiabá, meu hospital está em São Paulo. E entre perto e distante, continuo administrando minhas emoções e necessidades.


Gabriel Novis Neves

29-08-2021

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