Quando
uma pessoa querida encerra o seu ciclo vital, deixo passar alguns dias para
externar os meus sentimentos à família enlutada.
Tanto
o início como o final desse ciclo, produz em nós fortes emoções. Chamamos esse
período de vida. É a única certeza que existe neste Planeta.
Do
nascimento temos ideia do dia provável do parto. Mas, a data do encerramento da
vida é o grande mistério que a humanidade não conseguiu ainda desvendar.
Os
extremos desse ciclo, pelo qual todos passam, sempre vêm acompanhados por
lágrimas. No início, de felicidade, no outro extremo, de saudade. Saudade, que
tão bem definiu Alceu de Amoroso Lima: “a presença da ausência”.
Coutinho
foi colega do Colégio Salesiano do meu filho mais velho. Tinham a mesma idade.
Como outros da sua turma, frequentavam a minha casa no Porto, onde estudavam e
brincavam.
Eles
tinham em comum o mesmo espírito aventureiro. Como aprontavam!
Na
escolha da profissionalização oferecida pelo curso superior, o adolescente
Coutinho demonstrou ser diferenciado do grupo de colegas. Escolheu em São Paulo
uma faculdade não muito procurada naquela época - o jornalismo.
Seus
colegas ficaram nos padrões dos cursos convencionais. Hoje são professores,
médicos, magistrados, ecologistas, políticos e empresários.
Como
empresário, o menino de sangue artístico e musical, também fez uma opção
inovadora.
Era
um jornalista do tipo “sabe de tudo.” Deslizava feito um cisne do futebol às
raízes da política partidária.
Criou
o grupo de comunicação “Olhar Direto”, com sucursal em Brasília.
As
horas do dia eram insuficientes para este garimpeiro da notícia.
Sempre
solidário, deixou marcas profundas dessa sua maneira de ser.
Emocionado,
ouvi no domingo pela manhã o depoimento espontâneo do pobre marquês relembrando
o último telefonema que recebeu do Coutinho. Em recuperação por um
problema de saúde, ganhou palavras confortadoras do seu colega.
Seus
familiares, colegas, amigos e a sociedade lamentam a sua partida prematura.
Como
poucos privilegiados, bem acima da média, ele não precisou de muito tempo para
cumprir, e bem, a sua missão por aqui.
Com
certeza ele está em outra galáxia implantando novos e arrojados projetos.
Assim
era o Coutinho. Amigo e companheiro.
Está
a nos esperar no outro plano, talvez com uma orquestra de jazz ou conjunto de
bossa nova com a dupla Vinícius e Tom.
Valeu
a sua inquietação e pressa com o desenrolar dos fatos.
Até
um dia menino Coutinho, que viveu como criança!
Gabriel Novis Neves
11-06-2013
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