Não
me recordo qual foi o ano em que os economistas do Delfim Neto implantaram a
produtividade no atendimento à Atenção Primária à Saúde do SUS.
O
princípio era o seguinte: o médico lotado nos postos de saúde, hoje
transformados em PSFs (Programas Saúde da Família), para uma jornada de quatro
horas diárias de trabalho, era obrigado a atingir a meta de dezesseis
consultas.
Antes
o médico tinha o dever de ficar no postinho quatro horas por período e atender
os pacientes que procuravam socorro médico.
Isso
produzia no final do mês números variáveis de consultas. Os meninos
recém-chegados de Harvard resolveram aplicar uma equação matemática para fins
estatísticos.
Os
resultados todos conhecem
Com
salários indignos, foi dado um jeitinho onde era fácil atingir a meta em poucos
minutos.
Não
sei também quem determinou como seriam atendidos esses dezesseis pacientes.
Ficou
estipulado que seriam três consultas de primeira vez, oito retornos e as outras
consultas ficavam reservadas a pequenos curativos ou para alguma consulta não
agendada.
Todo
esse trabalho poderia ser realizado em até quarenta minutos.
O
médico deixava o posto com a meta cumprida, e a qualidade do atendimento
despencou.
Leio
nos jornais que a nossa atenta Câmara Municipal, preocupada com os baixos salários
dos educadores do trânsito, chamados de amarelinhos - que reivindicavam, com
toda a razão, um salário superior aos atuais R$1.200,00 que recebem por mês –
resolveu propor ao prefeito o sistema de produtividade para esses educadores.
O
prefeito concordou com essa enganação para ter a Câmara em suas mãos.
Os
amarelinhos, multando todos os veículos em tráfego, poderão receber de
gratificação de produtividade algo em torno de R$ 800,00 por mês, totalizando
assim o salário pleiteado de R$ 2.000,00.
Maldade
igual a essa estou para ver.
Essa
produtividade de aumento fictício de salário não é agregada para aposentadoria,
férias, licenças de saúde e outros benefícios que um pequeno aumento salarial
produziria para essa gente humilde.
Outros
que sofrerão por mais essa demagogia serão os portadores de veículos, que não
poderão nem estacionar para pedir uma informação aos amarelinhos, pois serão
multados.
Até
quando teremos que pagar tantos impostos e multas incentivadas pelo governo
para sustentar a fome insaciável dos marajás?
Gabriel Novis Neves
24-05-2013
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