Os
desencontros são a tônica do nosso caminhar pelos descaminhos da vida.
Costumamos
fantasiar na nossa busca incessante de amor, como se esse sentimento, de tão
apregoado e louvado, pudesse ser encontrado em qualquer esquina.
Isso
acontece muito com as pessoas sistólicas, sempre abertas para grandes emoções.
Os
engessados emocionais, ao contrário, se fecham diante da mais remota
possibilidade de um desabrochar sentimental.
Sofrem
menos sim, mas perdem o que de mais bonito a vida pode oferecer, que é a troca
energética promovida pelo encontro.
Assim,
carreiam de pobreza as suas vidas familiar, social e afetiva, fechados que
estão a toda e qualquer experiência existencial mais intensa.
Muitas
vezes, nem percebem o grau de distanciamento que produzem e que a ele ficam
submetidos. Alguns, até conseguem passar para os circunstantes uma aura de paz
e de equilíbrio, logo desfeita a um contato mais íntimo.
Há
que se estar preparado para a difícil arte do encontro, tão louvada pelos poetas
e cada vez mais rara nos dias atuais.
O
ensimesmamento é causa sempre de grandes conflitos internos. E, não raro,
precursores de surtos psicóticos.
Somos
animais gregários e, como tal, precisamos desse aconchego mútuo, fundamental ao
pleno desenvolvimento de nossas aptidões.
Saber
ser só, sim, mas por opção de exigência momentânea, e não, por incapacidade de
convivência plena, até porque a nossa referência é sempre “o outro”, para o bem
e para o mal.
Com
o avanço da tecnologia, cada vez mais as pessoas se tocam menos, e já
presenciamos o encontro de namorados que se portam como se ali não estivessem,
manuseando ambos os seus dedinhos em mensagens para o nada.
O
contato perdido naqueles momentos de convivência jamais será recuperado. Seus
bilhões de células sensoriais estarão, em breve, perdendo a sua função por
absoluto desuso.
Estaria
vindo por aí uma geração de seres robotizados, incapazes das trocas afetivas
transmitidas por um olhar ou pelo livre jogo das ideias?
Parece
que aos jovens isso soa tão obsoleto quanto às menções elogiosas que fazem seus
pais e avós aos românticos e glamorosos anos sessenta.
Como
eles mesmos dizem, “a fila anda”.
A
nós, cabem apenas constatação e adaptação, coisas que, aliás, estamos fazendo
com bastante eficiência nestes últimos setenta anos.
Gabriel Novis Neves
16-05-2013
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