Há
que se ter muito cuidado com a falsa carneirada que durante anos e anos parecia
formar a classe média brasileira.
Fato
inédito nas últimas manifestações de revolta pelas cidades brasileiras é elas
estarem ocorrendo durante eventos até então considerados “ópio do povo”, tais
como samba e futebol.
A
alienação de grande parte da classe política, desvairada com o “Deus Lucro”,
minimizou o crescimento de conscientização da classe média, outrora considerada
apática e despida de importância.
O
que observamos pelo país afora foi o grito de uma classe média sufocada, que
não aguenta mais arcar com os desmandos de governos insensíveis e despreparados
para as suas funções.
Uma
classe média que vê seus parcos e injustos salários serem devorados pelos mais
altos impostos do Planeta e, em contrapartida, assistir inerte às humilhações
dos maus serviços de saúde, educação e transporte recebidos.
Esqueceram-se
os governantes desse país que distribuição de renda tem que ser feita sim, mas
não socializando a miséria.
Fácil
atribuir a baderneiros o que se tem visto pelo país, mas difícil é reconhecer
que políticas permissivas equivocadas, aliadas a altas taxas de corrupção em
setores vitais, vêm destruindo todos os valores éticos e morais de um povo.
O
fato é que um simples protesto pelo aumento de tarifa dos transportes coletivos
se transformou, em poucos dias, numa enorme massa clamando por justiça em todos
os setores da vida pública.
Como
em todas as partes do mundo, o processo histórico é mais ou menos o mesmo:
insensibilidade das classes dominantes aos pedidos de socorro pacífico em que
jovens estudantes, jornalistas, profissionais liberais, mulheres (que já
representam a metade da força de trabalho do país) enfim, pessoas que apenas
clamam por viver decentemente com o fruto de seu trabalho.
Essa
é a gente que está nas ruas, coisa até então inimaginável pela nossa classe
política.
Aproveitando
o próprio slogan do governo, que “as ruas são a arquibancada do povo”, estamos
assistindo a uma das maiores manifestações de civismo dos últimos anos,
manifestações essas que já julgávamos adormecidas.
As
manifestações de violência, sempre de uma minoria belicosa e aos finais das
passeatas, já perderam todas as possibilidades de inserção no sistema, e que
deve apenas ser contida por um esquema policial, para isso preparado de forma
inteligente, e não, com truculência.
As
palavras de ordem nas ruas foram sempre “Não” aos corredores hospitalares com
pacientes atendidos em macas improvisadas por profissionais vilmente
remunerados, “Não” ao descaso com a educação e seus professores aviltados pelas
condições precárias de trabalho e aos seus salários de fome.
“Não”
à ausência de saneamento básico e à precariedade de moradia em grande parte do
país. “Não” ao transporte público de péssima qualidade, tratando seres humanos
como gado. “Não” à hiperbolia nos gastos em obras faraônicas, tais como
estádios de futebol que não representam prioridade para uma nação, enfim, “Não”
a uma máquina administrativa governamental hipertrofiada, com enormes
privilégios, com representantes do povo que realmente não o representam e “Não”
à conivência com a impunidade de políticos condenados por corrupção e danos ao
erário público.
Que
as nossas elites hierárquicas se conscientizem que a paciência da carneirada
está chegando ao fim.
Acorda
Brasil!
Gabriel Novis Neves
18-06-2013
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