“É
impressionante a força que as coisas parecem ter quando elas precisam
acontecer” – Caetano Veloso.
A
presença de dez mil manifestantes na marquise do Congresso Nacional é o
simbolismo de toda a indignação do povo brasileiro.
Mitos
foram para o lixo da nossa história. A pátria das chuteiras não existe mais.
Pela primeira vez a ex-nossa seleção canarinho ficou refém do povo em um
hotel de luxo de Fortaleza, uma das cidades que recebe auxílio das mais
variadas bolsas do governo federal.
O
povo quer, entre outras coisas, saúde, educação, segurança e o fim da corrupção
desenfreada que tomou conta desta nação. Não se conforma com o fato da
construção de modernas arenas padrão FIFA serem a prioridade nacional.
Este
exuberante movimento social não conta com a presença da UNE, OAB, sindicatos,
artistas, intelectuais, partidos políticos e daqueles personagens tão
frequentes nessas ocasiões. São jovens estudantes, em sua maioria, e
trabalhadores lutando por um Brasil íntegro e por melhorias nos serviços
públicos.
Os
vinte centavos de aumento da passagem dos ônibus foi apenas a senha para
desencadear essa manifestação popular ordeira.
Todos
se revoltam com os bilhões gastos com a Copa do Mundo, com a inflação voltando,
o desemprego e a miséria.
Um
dos alvos tem sido o local dos jogos, onde os pobres não entram por absoluta
falta de dinheiro para comprar os ingressos tão caros.
Esse
movimento, que assustou o Planalto, foi todo comandado pelas redes sociais,
fazendo acender a luz amarela na estrondosa vaia no Mané Garrincha.
A
tomada do Congresso Nacional, a invasão da Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro, a tentativa de penetrar na residência oficial do governador de São
Paulo e as manifestações simultâneas em Belo Horizonte, Fortaleza, Porto
Alegre, Salvador, Recife, Maceió e Vitória, marcaram o início do movimento, que
contou com a adesão de outras capitais e cidades, especialmente daquelas
escolhidas para sede dos jogos da Copa.
O
Ministro perpétuo do Palácio do Planalto, há dez anos morador naquele local,
calculou mal e menosprezou o poder de revolta da nossa gente, quando, após a
condenação dos mensaleiros pelo Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou, em
entrevista, que “este ano o bicho vai pegar”.
Imaginou
que o povo sairia às ruas para defender os condenados pela justiça. Santa
ingenuidade! O povo ordeiro está nas ruas por uma causa justa, apartidária em
defesa do Brasil, e não, de grupos políticos.
Consta
que uma minoria formada por baderneiros, está infiltrada na multidão ordeira,
estimulando manifestações de vandalismo.
Isso
sempre ocorre em movimentos de massa e deve ser administrado por uma
polícia preparada em termos de inteligência e não de truculência.
Não
esquecer que algumas minorias transformaram a história do Brasil, desde o seu
descobrimento.
Um
pequeno navegador português e a sua tripulação ousaram descumprir a ordem
imperial de ir às Índias, e acabaram descobrindo o Brasil.
A
libertação dos escravos, a Independência do Brasil, a Proclamação da República,
foram feitas por uma minoria rebelde.
A
revolução de 1964 iniciou como um movimento dos conservadores, das mulheres e
da igreja católica, para evitar a implantação do comunismo em nosso país.
O
povo organizado não participou do movimento, especialmente da passeata dos cem
mil em São Paulo.
Desta
vez, quem saiu às ruas foi o Brasil, indignado com os desmandos nesta terra de
gente boa e trabalhadora.
“Nós somos controlados pelo acaso, mas não
temos paciência suficiente para aguentar seu despotismo” - Edward Dahalberg.
O
Brasil de hoje não é o de ontem.
Gabriel
Novis Neves
18-06-2013
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