Como o ‘mecanismo’ da saudade se implanta facilmente em nós.
Nada de rebuscado, apenas a simples repetição de um ato.
Tive a certeza que ‘desperto saudades’ quando atraso por poucas horas no envio das minhas crônicas.
Bastam uma ou duas horas, e inicio a receber mensagens sobre o motivo da ‘ausência’.
‘Senti sua ausência nesta manhã’, é um exemplo de mensagem que recebo.
Será que isso acontece pela minha idade avançada, quando um pequeno desvio de rota poderá ser sinal importante sobre a minha saúde?
Ou um simples ‘reflexo condicionado’ que aprendi na faculdade, na disciplina de fisiologia?
Ausência gera saudade, a palavra mais lembrada por poetas, pensadores, filósofos, compositores e boêmios.
Uma das definições que mais gosto, é a do brilhante professor Alceu de Amoroso Lima:
‘Saudade é a presença da ausência’.
‘Ausência-presença’, são palavras desejos que se impermeiam em nossas vidas.
Quase sempre levam a expressão maior do poeta, que é o amor, que erroneamente diz brotar no coração.
O amor é cerebral — pois o cérebro comanda todos os sentimentos do nosso corpo.
Fiz muitas amizades no decorrer de todos esses anos de trabalho e, comparando com as crônicas compartilhadas, vejo como a leitura cotidiana produz esse elo afetivo.
Sentir saudade de alguém sem conhecê-lo pessoalmente, é um dos milagres da escrita.
Muitas amizades sólidas foram forjadas pela troca de cartas.
Antigamente, namorava-se por correspondência, e muitos noivos se conheciam marido e mulher, após o seu casamento.
Constituíram famílias e muitos foram felizes.
Tive uma tia caçula que se casou assim, ela aqui e ele em Goiana, como amigas da minha juventude.
O sacramento do casamento como o casamento parecem em extinção pela falta da fé religiosa e seu alto custo.
As pessoas estão ‘juntando e descasando’ com a mesma intensidade, e mandando às favas os mais sublimes sentimentos humanos.
Gabriel Novis Neves
07-08-2024
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