Se vivo, meu pai estaria completando hoje 130 anos de idade.
Procuro preservar a sua memória escrevendo sobre ele e publicando esses textos no meu blog, que é uma homenagem a ele e sua ferramenta de trabalho — o ‘Bar do Bugre’.
Administrou por cinquenta anos o ‘Bar Moderno’, registrado na Junta Comercial de Cuiabá, mas conhecido por ‘Bar do Bugre’ apelido caseiro do meu pai.
Conseguiu assim educar seus nove filhos — cinco mulheres e quatro homens.
Três rapazes tiveram que viajar para o Rio de Janeiro, para concluir seus estudos superiores.
Tornaram-se dois médicos e um economista, que retornaram à cidade natal para o exercício das suas profissões.
Todos casados com mulheres educadas no Rio de Janeiro.
Das minhas cinco irmãs, duas estudaram na UFMT: Pedagogia e Serviço Social.
Outras três terminaram o ensino médio e se casaram.
Meu irmão caçula e afilhado bacharelou-se em Direito na UFMT, tem registro na OAB.
É aposentado como consultor jurídico da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
Todo esse trabalho educacional só foi possível pelo apoio e dedicação da minha mãe Irene Novis Neves.
O casal possuía de formação só o curso primário, e ela nos ajudava nos trabalhos caseiros da escola.
Assim fez o ensino médio com seus filhos e aprendeu suas disciplinas para nos ensinar.
Meu pai sempre foi um otimista com relação aos estudos dos seus filhos.
Nunca falhou ou atrasou com o ‘envio da mesada’, sempre depositada no primeiro dia útil do mês na agência do Banco do Brasil no Centro.
Esse apoio foi muito importante para a tranquilidade nos meus estudos.
Ele comemorou muito a minha aprovação no vestibular de Medicina da Universidade do Brasil, na Praia Vermelha em 1955!
Nunca imaginou que seus filhos que estudaram fora, retornassem para trabalhar pela criação e implantação da universidade federal em Cuiabá.
Até então só aqueles que possuíssem algum recurso familiar, poderiam ser ‘Médico, Engenheiro Civil, bacharel em Direito’!
No ano em que ele fechou o bar por falta de sucessor, acompanhou o trabalho do seu filho primogênito, na implantação da ‘cidade universitária no Coxipó da Ponte’ e seus cursos incluindo a Medicina.
Meu pai foi um homem extremamente modesto, simples, de vida familiar.
Recebeu uma homenagem da Associação Comercial de Mato Grosso, por ter sido um dos seus fundadores.
O saudoso vereador Coutinho lembrou do seu nome para ser nome de rua.
Mudou a política e sumiram com a rua que ele emprestava o nome.
A minha mãe, mulher educadora e cujo primeiro filho implantou a UFMT, nunca foi homenageada em Cuiabá.
Sorte da minha mulher argentina carioca que empresta o seu nome a um Centro Educacional da periferia.
Que Deus o tenha, com toda a certeza, para o nosso grande reencontro.
Obrigado meu pai!
Gabriel Novis Neves
23-08-2024
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