segunda-feira, 5 de agosto de 2024

IMPACIENTE


Ainda impaciente com o vírus do Covid que resiste em me deixar, aproveito para escrever amenidades para o tempo escorrer mais rápido.


Lembro-me de pessoas interessantes no início da sua carreira profissional.


Como o ‘foca’ do Diário de Cuiabá, quando a sede do jornal era na rua 15 de Novembro, no Porto.


Foi o período glorioso do jornal, com muitos jornalistas e colunas apreciadas pelos leitores, como o ‘Cuiabá Urgente’.


Nessa época exerci muitos cargos públicos importantes além de ser o segundo sócio proprietário da Clínica Femina, na Lixeira.


Era muito procurado por jornalistas e radialistas à procura de notícias.


Um meninão alto e magro do DC, sempre com o caderno escolar para anotações mordendo a caneta Bic, de tanto frequentar o hospital, terminou namorando e casando com uma técnica em enfermagem da pediatria.


Eu fui escolhido como um dos padrinhos.


Quis o destino que eu fosse nomeado secretário de saúde no governo Júlio Campos.


Como a minha afilhada ganhava pouco na Femina, nomeei-a ganhando um salário melhor na secretaria de saúde, já que era competente.


O meninão magricela ganhou espaço no jornalismo, fez uma carreira brilhante, o mesmo acontecendo com a sua esposa.


Seguimos rumos opostos.


Meu afilhado virou poeta de qualidade.


Eu cronista do cotidiano.


Encontramos no whtsap o lugar mais seguro para conversar sem pegar o Covid.


Hoje recebi um dos seus apreciados poemas.


Foi buscar no fundo do baú uma palavra estranha: ‘lautamente’.


‘Lautamente de lauto, outra palavra esquisita.


Lembrei-me de lautamente alimentado.


Lautamente abastecido e satisfeito.


Na infância, até com os olhos se enchia.


Lautamente, lautamente, somente.


Não pensei como escrito na obra, local do reencontro.


Considerações sobre Proust, como ele pode ajudar sua vida.


Lá, lautamente também veio acompanhado.


Era alguém lautamente remunerado.


Pensei modesto, só lautamente em coisa qualquer.


Palavra indizível por bom pedaço de vida.


Posso, agora, por graça do suor até dizê-la.


Lautamente,


lautamente.


Lautamente.


Posso dizê-la e até reencontrá-la, em leitura e prazeres.


Associá-la a você.


Te querer


lautamente,


lautamente’.


Assim é o meu afilhado Américo Corrêa.


Gabriel Novis Neves

30-07-2024




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