quarta-feira, 21 de agosto de 2024

ENGRENAGEM DEMORADA


Há certos dias que a gente acorda e demora para ‘engrenar’ na rotina do dia a dia.


Hoje estou assim.


Já li os principais jornais do país.


Vasculhei o celular e sinto que falta algo que não consigo identificar.


É ruim a sensação que nada está bom.


Saudade, tristeza, monotonia, lembrança de não poder estar com alguém?


Limitações que a idade nos impõe nos deslocamentos?


Por isso não posso sair de casa ou receber visitas, exceto os familiares, quando estou à vontade para me retirar e deitar na cama.


Escrevo tentando ‘engrenar’ e prosseguir meu devaneio, sem querer transferir esse meu ‘desencanto’ a terceiros.


A ‘disautonomia’ que ganhei e não me abandona, talvez seja a causa do meu sofrimento em não ‘engrenar’.


Se estivesse deitado para dormir é como se ouvisse o ‘tic-tac’ do despertador na mesinha da cabeceira da cama.


Nada aconselhável para servir de companhia.


Escrever sobre doenças não é agradável aos leitores, mas útil.


Quantos são ‘portadores sem saber’, desse mal que não mata, mas não tem cura?


A ‘tonteira’ que a disautonomia causa, me obrigou a mudar de hábitos, como fazer a barba de pé, em frente ao espelho do banheiro.


Hoje estou demorando para ‘engrenar’ e isso me chateia muito.


Escrevo não concentrado, com o meu pensamento passeando pelas minhas sinapses cerebrais.


Não gosto de fazer comparações, mas, me julgo um felizardo com a vida que ganhei.


Mesmo demorando a ‘engrenar’ em certos dias, agradeço ao Senhor, pelas bênçãos recebidas em abundância.


Consegui terminar de escrever esta crônica, mesmo ‘sem engrenar’.


Gabriel Novis Neves

12-06-2024




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