Nós precisamos da ‘ilusão’ para ‘poder viver’, e ela chega a ser um calmante para a alma.
Acordo todos os dias e vou conferir no calendário quando terminam os ‘quinze dias uteis’ para receber as lentes dos meus óculos, fabricadas no Japão.
Pelos meus cálculos esse prazo termina hoje.
Como houve uma pane cibernética atingindo todos os países do mundo, com reflexos acentuados nos aeroportos, sistemas bancários, e internet, acredito que as minhas lentes estão em algum grande aeroporto da Ásia.
Com ‘essa ilusão’ passarei mais um final de semana.
O pessimista logo pensaria que a minha encomenda foi extraviada, obrigando a ótica a iniciar tudo de novo.
Se fosse algo supérfluo pouco estaria me importando, mas as lentes me fazem uma falta inestimável.
Não consigo ler dicionários, meus companheiros da mesa do escritório.
Fica difícil para quem escreve não consultar ‘o pai dos burros’.
Até as letras do meu celular, leio-as com dificuldades.
Tenho condições de ficar dois meses sem escrever, e não deixar de postar uma crônica no meu blog.
Fazer o quê em casa?
Esperar o tempo passar?
Ouvir as músicas que gosto e estão ultrapassadas pelo tempo?
Esperar uma visita que nunca chega?
São tantas interrogações para ajudar o tempo passar, e chegarem as lentes para meus óculos.
Matei parte do tempo conversando com o paisagista que cuida do meu jardim.
Pedi que o filmasse, pois estou impossibilidade de subir as escadas para a cobertura.
Complicado foi pagar seus serviços de mais de um salário mínimo, pois com a visão baixa mal pude fazer o PIX.
A enfermeira me aconselhou a tentar uma consulta espírita, a técnica disse para eu deixar isso pra lá e cegueira não mata.
Vou passear pela internet para saber se há novidades sobre o apagão cibernético.
Minha irmã e cunhado estão internados na UTI, passando bem.
Vou dormir com a ilusão que a ótica das minhas lentes, me chamará amanhã cedo.
Elas chegaram, será apenas uma doce ilusão?
Gabriel Novis Neves
19-07-2024
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