sábado, 3 de agosto de 2024

COMO SAIR


Assisti via on-line às festanças pelos quarenta anos de funcionamento do nosso querido HUJM.


Ouvi depoimentos emocionados de professores e servidores da primeira hora.


Todos foram unânimes em dizer do seu amor à instituição de ensino médico.


Não sabem, sabendo, que um dia terão que deixá-lo.


Uma servidora fundadora disse que chegou ainda menina ao hospital, e nem dinheiro conhecia.


A idade chegou e ela não sabe como deixar o seu primeiro e único emprego.


Ao longo da minha vida sempre procurei me ‘distrair’ diante de certas realidades, porém não conseguia, e até hoje não consigo.


Jogo o meu pensamento para longe de mim, mas ele volta.


Esse mergulho no passado é uma coisa boa para mim, e chego a duvidar das coisas maravilhosas que aconteceram comigo.


Quero ‘desviar o pensamento’ e não consigo.


Só um grande trauma para amenizar uma grande separação.


Assim foi quando decidi retornar à minha cidade natal.


Terminei em um laboratório de imagens para ‘esclarecer’ as dores que sentia no estomago, de ‘origem emocional’.


No dia do meu regresso solicitei ao meu colega de hospital que me levasse ao aeroporto.


Entreguei-lhe no embarque o pedido da minha exoneração do cargo vitalício de médico, que conquistei por concurso público.


Foram conquistas, ainda jovem, que me senti obrigado a ‘deixá-las’ por um futuro.


Após terminar o meu mandato de reitor da UFMT (1971-1982), foi muito difícil deixar o seu dia a dia, embora, continuasse como docente até me aposentar por tempo de serviço.


Continuei ‘perambulando’ por diversos cargos públicos e privados.


Como meus colegas do HUJM, nunca me esqueci dos anos de implantação de uma universidade pública no cerrado.


Compreendo o depoimento de docentes e servidores fundadores do HUJM na festa dos seus quarenta anos.


Todos temem o inevitável — o momento da separação!


Gabriel Novis Neves

31-07-2024





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