domingo, 21 de abril de 2024

LONGE DE MIM


De longe vem a música do barzinho para me acalentar nesta sonolenta manhã de domingo.


De mais longe a ‘presença da ausência’ da Regina em formato de saudade.


Como dói a saudade sentida pelos dezoito anos de separação!


Com um ano para completar noventa anos, acho que já cumpri as minhas obrigações aqui na Terra.


Lembro dos meus amigos, contemporâneos e vejo que quase todos eles já pertencem ao plano espiritual.


Parecem me chamar para que juntos continuemos nossos trabalhos.


Deus saberá a hora de nos chamar, e só Ele.


Meu filho caçula veio me visitar.


Mediu a sua pressão arterial por três vezes.


Atualizou seus contatos pelo celular.


Trocamos algumas frases sobre assuntos variados e logo se foi.


Foi almoçar na casa da sogra, fazendo valer aquele provérbio popular: ‘quem casa um filho, perde um filho’.


Vou almoçar na companhia da minha ‘cuidadora’ com o que sobrou do ‘almoço da família no sábado’.


Escolhi uma macarronada que sequer provei. Como reserva para uma emergência — um prato de quibe cru com pão sírio.


Essa iguaria árabe é feita pela avó cuiabana, da viúva de um migrante libanês, marido de uma das minhas bisnetas.


Hoje à tarde não volto mais para o escritório.


Irei assistir pela TV, às decisões dos principais campeonatos regionais: Rio, São Paulo e Minas Gerais.


Meu time do coração — o Botafogo do Rio — ganhou a Taça Rio, que não foi comemorada pelo tamanho do time de Garrinha, Heleno de Freitas, Nilton Santos, Jairzinho, Didi, Amarildo, Gerson, Zagalo e tantos outros campeões do mundo.


O som do barzinho emudeceu, avisando que o cantor foi embora.


A ‘presença da ausência’ permaneceu, não me abandonando nunca.


Assim vivo procurando poetizar todos os momentos da minha vida, mesmo na solidão de um domingo, até não sei quando.


Gabriel Novis Neves

07-04-2024




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.