A Festa do Senhor Divino acontece sempre na segunda semana do mês de Maio.
Um casal de festeiros e os capitães de mastro são escolhidos pelos paroquianos.
Os festeiros e os devotos saíam da Catedral, após as missas da madrugada, acompanhados por uma bandinha de música e percorriam as casas da cidade pela manhã e à tarde.
Até o início da década de cinquenta, meu pai tirava esmola no segundo dia à tarde e eu o acompanhava.
Ele saía com a bandeira do Espírito Santo. Sentia grande emoção quando o caixa da Catedral retirava as notas de dinheiro amarradas na bandeira e as colocava em uma pasta, pois não havia mais lugar para prender novos donativos.
Hoje Cuiabá, com mais de seiscentos mil habitantes, não sei quantas manhãs e tardes seriam necessárias para esse ritual de fé cristã.
No final do período das festas, após a procissão da tarde, havia as barraquinhas, onde se vendiam os melhores petiscos, como caldos, churrasquinhos e espetinhos, além dos tradicionais doces cuiabanos e salgadinhos.
Todo dinheiro arrecadado pelos fiéis do Divino Espirito Santo era revertido para fins filantrópicos.
Com a Covid19 as missas passaram a ser virtuais, bem como as visitas domiciliares.
Também as procissões são virtuais e as barraquinhas foram suspensas no encerramento da festa.
Este ano a festa do Divino foi do dia treze de Maio a vinte e três de Maio.
Em meio a uma semana, na qual recebi muitas graças, tive o privilégio de acompanhar, às primeiras horas da manhã, com um céu nublado e garoando, a carreata do Divino.
A carreata passou pela rua onde moro com caminhão de som tocando músicas sacras, os fiéis rezando, e acompanhada por dezenas de automóveis.
Peço ao Senhor Divino que nos livre o mais breve possível desta terrível pandemia, causadora de milhares de mortes e miséria no planeta Terra.
Queremos preservar para as futuras gerações esse ritual milenar em uma cidade católica como Cuiabá.
Gabriel Novis Neves
23-05-2021
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