Que trabalho bonito é o dos pedreiros, tanto na demolição de casas como na construção de um edifício.
Tudo começa muito antes da primeira marretada.
O planejamento envolve arquitetos, engenheiros estruturais, eletricistas, sanitaristas, fiscais da obra, mestres de obras, pedreiros e serventes.
Um batalhão de profissionais, pois um projeto assim pode levar anos até a conclusão.
No momento, acompanho a demolição de quatro casas em frente ao prédio onde moro.
Do vigésimo andar tenho uma visão privilegiada.
O processo começa pelo esvaziamento das casas, depois vem o destelhamento e, por fim, a retirada completa, com a retirada dos escombros.
Instalado o canteiro de obras, a disciplina técnica comanda os primeiros passos: a fundação, o que ficará escondido sob a terra.
Quando os ferros do concreto armado começam a emergir, é sinal que a estrutura está prestes a subir.
Tenho para mim que perderei a linda vista do meu prédio. Ficarei privado do espetáculo natural do nascimento do dia, quando o sol surge na linha do horizonte.
Do lado direito, já havia perdido a visão para a Arena Pantanal.
Por sorte, os fundos do meu prédio fazem frente com o Quartel do Exército Brasileiro — meu fiel companheiro contra a solidão.
A rotina no quartel é agitada. Antes do sol raiar a corneta do cabo já desperta a guarnição.
Logo, o heliporto é liberado, e os helicópteros da Força Aérea começam a decolar rumo às fronteiras do país.
Outros chegam, rasgando o céu com um ruído capaz de acordar até os mais sonolentos das redondezas.
Os recrutas, em uniformes de ginástica, perfilam-se para ouvir o Hino Nacional e a ordem do dia. Em seguida, marcham em formação cantando canções militares em torno da quadra do quartel.
Tudo comandado por cabos, sargentos e tenentes.
Da janela do meu escritório, observo com nostalgia. Lembro-me da minha juventude, quando servi ao Exército no CPOR do Rio de Janeiro, em 1955.
Em breve estarei cercado no meu apartamento. Restará a companhia do quartel e o maravilhoso pôr do sol, que me avisa, sem falhar, que mais um dia se foi.
A escuridão toma conta, e as luzes da cidade brilham no horizonte.
Ao longe, ainda avisto o Morro de Santo Antônio.
Gabriel Novis Neves
20-02-2025
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