Assumi comigo neste meu entardecer, o compromisso de escrever diariamente em tempo integral.
Os assuntos não me faltam, e o tempo escorre sem que eu perceba.
Esqueço as desgraças do mundo, concentrado nas teclas do computador.
Quando dou por mim, a noite já chegou, e então desligo o laptop.
Banho tomado, ouço músicas pelos aplicativos do celular. Logo, é hora da enfermeira me servir o lanche na cama.
Saio de casa apenas uma vez por mês, para um procedimento médico-hospitalar.
Raramente recebo visitas presenciais, salvo aos sábados, quando a família se reúne para o almoço.
Acompanho à distância o desenvolvimento dos bisnetos, cada qual mais cheio de novidades e carinho pelo biso.
Descobri que, na minha idade, a vida caseira não se resume a uma rotina mecânica de acordar, tomar café, almoçar, tirar uma breve sesta e voltar ao escritório.
Sempre posso ser surpreendido por uma visita inesperada.
Duas vezes por semana faço fisioterapia em casa.
Também resolvo pagamentos: os salários das funcionárias, os boletos e até o SOMATEM (serviços funerários).
Leio os comentários dos leitores sobre a minha crônica do dia e atendo, aqui e ali, um ou outro ‘gato pingado’ pelo celular, como dizia o meu avô.
No início do ano o trabalho se intensifica: reunir documentos para a declaração do imposto de renda exige paciência.
O escritório de contabilidade que me atende é como atacante de um time de futebol: cobra caro e precisa que lhe passem a bola para jogar.
E assim os dias se sucedem, e eu, cada vez mais velho, no meu caso, quase batendo às portas do centenário.
Durmo pensando no assunto do dia seguinte e, não raras vezes, já esboço o conteúdo antes de pegar no sono.
Acordo e recomeço tudo de novo, com alegria.
Tive uma juventude agitada, quando me faltavam horas no dia para dar conta das obrigações de trabalho.
Agora, meu ofício é outro e, arrisco dizer, muito mais prazeroso.
Gabriel Novis Neves
06-02-2025
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