Costumo dizer aos mais próximos que, quando recebo presentes alimentares — uma travessa com bolo de queijo, um prato diferente para o almoço, aquilo é doação.
Tenho um filho cozinheiro que sempre me envia doações feitas por ele.
Outras vezes traz da fazenda carne de porco ou queijo branco sem sal. Aqui, lavo, salgo e guardo na geladeira para meu consumo diário no lanche da noite.
Minha filha também contribui com doações, sempre me enviando algo especial para o almoço de sábado.
Neste domingo recebi um prato farto, recheado de camarão e frutos do mar com arroz.
Doação da sogra do meu filho.
Tenho uma neta apaixonada por culinária, que nunca esquece das generosas doações ao avô.
Clientes antigas, que jamais esquecerem o seu parteiro, costumam me doar com bolinhos de queijos feitos por elas.
Minhas funcionárias, de vez em quando, me surpreendem no escritório com doações envidas por vizinhas amigas.
Presentear pessoas queridas é um hábito antigo. Chamar esses presentes de doações é uma patente minha.
Tecnicamente, doação é algo destinado a quem necessita, o que não é o meu caso.
Mas, no fundo, gosto de me vitimar um pouco, de transformar cada agrado recebido em um carinho público e declarado.
A antiga palavra, com o novo sentido, pegou de tal maneira que, quando meus amores vêm me visitar, logo perguntam: ‘Tem doações? ’
A funcionária que me trouxe o cafezinho da tarde, leu a tela do computador a meu pedido, e comentou:
— A última doação que o senhor recebeu foi o risoto de camarão no almoço de domingo.
Com exceção dos sábados, quando almoço com a família, nos outros dias estou só — e as doações fazem a diferença.
As sobremesas de sábado sempre são doações. E é a única ocasião em que doces são servidos.
Nos demais dias, apenas frutas do mercado.
Gabriel Novis Neves
11-02-2025
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.