Quando fecho o computador na quinta-feira ao entardecer, tomo banho e faço a barba, a semana para mim chegou ao fim.
Sexta é dia de faxina, sábado de casa cheia para almoço em família e o domingo silencioso, tendo a solidão por companhia.
Houve um tempo em que eu aguardava silenciosamente o fim da semana.
Apaixonado por futebol, contava os dedos para acompanhar os campeonatos nacionais e internacionais.
Assistia também pela TV os célebres programas humorísticos; e as revistas musicais faziam parte do ritual.
Hoje escrevo. E quando me canso, recorro à música de todos os tempos pelos aplicativos do celular.
Sempre fui tomado por certa nostalgia nos finais de semana e de ano.
Esses momentos despertam em mim um forte sentimento de perda — porque, de fato, é uma perda.
O que passou, passou, e não volta mais. E eu nunca aprendi a lidar com as perdas, nem mesmo com as do tempo.
A tristeza me lança de volta ao passado. Um passado que, ainda que alegre, traz consigo uma sombra melancólica. Parece paradoxal, mas não é.
Caminho por essa trilha estreita entre a alegria e a tristeza — um caminho que um dia, talvez, eu compreenda.
Mesmo numa vida longa, quantos mistérios enfrentamos sem jamais encontrar quem nos ajude a decifrá-los?
Gostaria de viver de forma simples, seguindo os calendários herdados dos nossos antepassados, sem pressa, sem sobressaltos.
Mas não seria uma vida monótona. Sempre há surpresas.
Uma visita inesperada, o telefonema aguardado, a chuva espalhafatosa alterando o ritmo da cidade e bloqueando ruas e cruzamentos.
O choro da criança assustada com os trovões.
E, depois, a beleza do arco-íris, anunciando que o temporal se afastou.
Continuo teclando e imaginando o fim da semana.
O fisioterapeuta se despede: ‘Até a aula de segunda-feira’.
Torço para que, nesse intervalo, nada de novo aconteça no meu laptop.
Que meu provedor pelo menos, não mexa na configuração do meu e-mail.
Acho que o almoço será feijoada — feita com as sobras dos almoços da semana.
Mas, o sábado, dia consagrado à feijoada, terá um cardápio de perfil árabe — ‘doação’ da avó do meu neto postiço.
E a semana acabou.
Mesmo.
Gabriel Novis Neves
13-02-2025
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