quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

PEQUENOS GATILHOS


O passado se faz presente quando a gente menos espera, e isso acontece muito comigo, no entardecer da minha vida.

 

Uma música perdida pelos anos, ao ouvi-la sem querer, dispara em mim saudades esquecidas.

 

Lembranças de um tempo que pensava que tudo fosse eterno.

 

Que ninguém partiria antes da hora, muito menos que tudo passasse.

 

Acho a velhice uma dádiva divina, mas o bom mesmo seria se ela não existisse.

 

Tenho conversado com psicólogos, que me encorajam a seguir em frente, pois a vida é assim.

 

Quantas dificuldades que enfrento, e que nunca imaginaria encontra-las tão distantes na minha estrada da vida!

 

Esses pequenos gatilhos, que são vida, estão a me perseguir: ora pelo som da música, escondida das minhas preocupações burocráticas, do dia a dia da longevidade.

 

Outras vezes sou despertado pelo aroma daquele perfume, daquele dia.

 

Um sussurro, que só acontece em situações especiais, e ficaram guardados nas entranhas do nosso cérebro para o resto da vida, vem à tona da minha memória com toda a sua força.

 

Sempre há um objeto sem valor, como a chave de um quarto de hotel, que é uma verdadeira relíquia emocional.

 

Reclamo sem razão desses gatilhos, que me trazem lembranças felizes de longínquas épocas.

 

Repetindo o refrão de ‘recordar é viver’ fico feliz em sentir tantos disparos emocionais, que é a voz do passado no presente, repleto de profundas recordações.

 

Olhar para trás me faz um bem danado, para quem pretende ainda muito percorrer, o que prova tão fantástica é a vida.

 

As vozes do passado estão disponíveis, bastando um leve gatilho para vir à tona.

 

A saudade daquilo que ficou para trás não me faz sofrer, e sim reviver momentos prazerosos.

 

E tudo passou tão rápido!

 

Gabriel Novis Neves

03-02-2025




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