quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

TROVÕES, RAIOS E CHUVA


Depois das quatro horas do amanhecer, fui acordado pelos intensos trovões e raios, acompanhados de uma gostosa chuva que fez bem ao meu jardim.

 

A minha paixão pelas flores e verdes herdei do meu bisavô paterno, engenheiro militar gaúcho, que veio à Cuiabá designado pelo seu colega de turma no Colégio Militar, engenheiro Floriano Peixoto, responsável pelas obras militares no Brasil.

 

O Presidente da Província de Mato Grosso, José Maria de Alencastro, solicitou ajuda ao exército brasileiro para realizar várias obras de urbanização e embelezamento em Cuiabá.

 

Essas obras incluíram:

 

1. Urbanização da Praça Alencastro

    . Transformação da área central da cidade em um espaço público de destaque, com jardins e melhorias estruturais, como parte de um projeto de modernização urbana.

 

2. Construção e melhoria de vias públicas

. Execução de obras para melhorar a pavimentação das ruas de Cuiabá, que na época ainda possuíam estruturas muito rudimentares.

 

3. Obras de drenagem e saneamento

    . Implementou sistemas de drenagem em áreas centrais ajudando a reduzir alagamentos e melhorar as condições sanitárias da cidade.

 

4. Instalação de equipamentos urbanos

   . Incorporou bancos, iluminação pública e outros itens voltados ao embelezamento e funcionalidade de espaços públicos.

 

Meu bisavô chegou em Cuiabá com mulher argentina e filha única carioca, em 15 de abril de 1881.

 

Coronel Alencastro resolveu dar ares de cidade à antiga província, iniciando a modernização da cidade.

 

No dia da inauguração da Praça em 28 de setembro de 1882, o governador estava tão alegre de ver um belo jardim com palmeiras imperiais, árvores floridas, coreto e chafariz importados da Europa, bancos de madeira, ruas internas com canteiros floridos, elegantemente tortuosas para passeio e outra externa abraçando o jardim, que designou o local de Praça Alencastro.

 

Os antigos como eu chamo o local de Jardim.

 

Era o local de maior diversão dos cuiabanos, e muitos casamentos foram realizados pelo hábito de passear no Jardim.

 

O coreto e o chafariz foram transferidos para a Praça Ipiranga, servindo de dormitório e banho dos moradores de rua.

 

E a Praça Alencastro não é mais visitada, sendo um lugar muito perigoso.

 

O Jardim perdeu suas características histórias na época da epidemia que acometeu os prefeitos brasileiros para a construção da ‘fonte luminosa’ no início dos anos sessenta.

 

Mais uma vez a nossa memória histórica foi apagada.

 

A filha do meu bisavô paterno Eugênia de Vasconcelos, uma adolescente, se apaixonou por um cuiabano raiz, Gabriel de Souza Neves, e se casaram.

 

Tiveram dez filhos homens e cinco mulheres.

 

O então major Américo de Vasconcelos, construiu ainda o prédio do Arsenal de Guerra, onde hoje está o Comando da Policia Militar, no Porto em frente à Igreja de São Gonçalo.

 

Foi o responsável pelo projeto de abastecimento de água na cidade, cujas obras foram executadas pelas empreiteiras João Frisch e Carlos Zanota e outras obras de embelezamento de Cuiabá.

 

Quando Floriano Peixoto assumiu a Presidência da República em novembro de 1891, requisitou meu bisavô paterno para servir em seu gabinete no Rio de Janeiro, indo para a reserva como Marechal.

 

A chuvarada com trovões e raios desapareceram, e o meu jardim agradecido, floriu!

 

Gabriel Novis Neves

11-12-2024




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