Há ainda dos que julgam a vida do idoso bem ‘superior’ à do jovem, qualquer seja o aspecto.
O jovem, quando fica doente, vai ao médico e, na maioria das vezes, fica ‘curado’. O idoso, de seu lado, recebe alta em ‘observação’.
O jovem só recorre a um medicamento quando dele necessita. O idoso, quando lhe indicam ‘um’, é algo pra vida toda.
Hoje — até eu me assombro—, minha cesta básica de medicamentos é de 42 por dia. Pelo menos até minha próxima visita a um dos especialistas que me atendem.
Muitos dirão que os idosos estão com a vida financeira resolvida, o que não ocorre com os que pousaram sua nave por aqui há bem pouco: tudo por resolver.
O idoso dispõe da grana que não compra a saúde de um jovem. Não confrontemos mais: peregrinar por este tema é chover no molhado.
Jesus, filho de Deus, só precisou ficar entre nós por trinta e três anos. Morreu e foi crucificado jovem ainda, quando subiu ao céu.
‘Ele’ nos deu o exemplo. Já a ciência dos homens se empenha por descobrir uma fórmula que lhe alongue a permanência na terra!
A quem vai interessar nossa permanência por estirado período na terra?
Às indústrias multinacionais de produtos farmacêuticos, por certo. Elas só não superam o faturamento das indústrias armamentistas.
A propósito, o ato de ‘cuidar’ da morte é, nestes dias, um bom negócio. Baste-nos volver os olhos para tudo que gira ao seu entorno.
Não é por acaso que o povo, sábio, lança mão desta expressão: o preço vai pela ‘hora da morte’.
A nossa casa, grande que seja, não se faz acolhedora quando mais precisamos dela. Sim, quando alguém se despede deste mundo, a passagem pela UTI é de lei.
Ai de quem morre em casa! O que ‘restou’ de nós é levado ao Instituto Médico-Legal (IML) para que se libere o Atestado de Óbito.
Daí para a frente, uma pá de despesas inferniza quem fica: despesas com a funerária, transporte e, finalmente, com o ‘campo santo’. Isso quando não se opta pela cremação.
Esse, em suma, é o custo básico da morte, somado a outros penduricalhos.
Ainda ontem, nascíamos em casa, casávamos na casa em que nascemos e criávamos lá os nossos filhos. Estes, casados, continuavam na casa, onde nossos netos vinham à luz.
Lá adoecíamos e morríamos. O velório era realizado na nossa casa, saindo o féretro, carregado por filhos, amigos e parentes, diretamente para o Cemitério da Piedade. Ah, sempre havia vagas!
Esta a conclusão a que nós chegamos: tudo se faz tão diferente! Até para morrer o dinheiro é imprescindível.
Quanta verdade! Os tempos já não são os mesmos!
Gabriel Novis Neves
9-2-2024
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