terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

O FISIOTERAPEUTA


Um excelente fisioterapeuta me atende duas vezes por semana em minha casa.


Até já mentalizei a série dos exercícios que ele faz comigo. Dispensá-lo, que tolice! Não conheço ninguém que faça — sem o estímulo desses profissionais — os exercícios de fisioterapia.


Ao menos no meu caso, não consigo fazê-los sozinho, afastada a escolta de alguém competente.


Ele é muito importante para recuperar minhas mazelas: sai do conforto ao lado dos seus para me oferecer bem-estar.


Há quatro anos, implantei uma prótese de válvula aórtica em meu coração.


A cirurgia foi realizada no Centro de Hemodinâmica, feita por um cardiologista intervencionista, por via transcutânea. Um sucesso!


A sala do procedimento, eu a deixei bem desperto, beijado por meus filhos e amigos. Sentindo-me bem lúcido, fui conduzido à UTI.


Estava apenas confuso no que se refere ao horário. A dúvida foi de pronto desfeita pelo enorme relógio pregado em frente a meu leito, acima da televisão.


Pensei que teria algumas horas de repouso, mas logo me aparece um rapaz todo vestido de branco, pega em meu pulso e se identifica: sou seu fisioterapeuta!


De um nada, avisa que já iria dar início aos exercícios respiratórios, fazendo-os de três em três horas. A carga seria aumentada até que se consumasse a alta.


Às quatro horas da manhã, ainda deitado, foi feito um raio-X dos meus pulmões.


Como não havia derrame pleural, às oito horas tomei o café. Logo depois, o banho de chuveiro.


Recebi alta da UTI e fui para o quarto do hospital. Deveria sequenciar a fisioterapia por dois dias, até que, por fim, viesse a alta hospitalar.


O curso de fisioterapia — cuja previsão era de apenas um ano de duração — teve seu início após o acidente vascular cerebral (AVC) sofrido pelo Presidente do Brasil, Artur da Costa e Silva. Isso, em 1969.


Seu neurocirurgião, Paulo Niemayer, não titubeou e solicitou a presença de um fisioterapeuta para cuidar do caso.


Releve-se que, à época, a profissão ainda não era reconhecida no Brasil. Daí, passou a ter seu status profissional.


Às vezes, invade-me uma vontade louca de ficar livre do fisioterapeuta, que me acompanha em casa há mais de quatro anos.


Durante muito tempo, pude circular por várias academias de fisioterapia em Cuiabá. Já quando viajava, frequentava as da cidade onde estava, atendendo ao que prescrevia o ortopedista.


Estou umbilicalmente preso a meu atual fisioterapeuta. Mais que tudo por se tratar de profissional competente.


Não fosse o bastante, ele é técnico em computação. E mais ainda: os problemas todos do meu celular, nem preciso anunciar quem os soluciona.


Estou convencido de que ele não me fará cara feia: mas não conheço ninguém que, radiante de alegria, se entrega a exercícios de fisioterapia.


Estultícia das grandes — eu penso assim — é a daqueles que lhe desconhecem não só mérito. Mas a excelência!


Gabriel Novis Neves

01-02-2024




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