segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

LIBERDADE EXTREMADA


Ando reparando que algumas pessoas mais jovens carregam uma curiosidade desmedida em conhecer passagens da vida particular dos idosos.


Embora não tenha sido treinado para essa função, concedo a elas toda a liberdade, mesmo quando o assunto se revela pessoal.


Com minha viuvez, parece ter dinamizado essa curiosidade. Cá entre nós: é assunto que só interessa a mim. E a mais ninguém!


Talvez o questionador tenha me escolhido como ‘mira’.


Eu respondo com sinceridade, até demais, a respeito de tudo que me é perguntado, mesmo àquilo que nunca me foi indagado à época da juventude.


Não escondo que, naquele tempo, não era comum que me expusesse tanto quando agora. As coisas que fazíamos, eram na ‘surdina’. E morriam aí.


Não me constranjo quanto à liberdade que atualmente disponibilizo às minhas amigas.


Há quem até reconheça ser um tanto indiscreto em suas perguntas, por que pede permissão para fazê-las. Opor-me a isso por quê?


A sinceridade das minhas respostas é tão contundente, que às vezes, posso deixar a ‘perguntadora’ chateada, pouco que seja.


Considero esse fato, como ‘acidente’ de comunicação. Sim, horas depois, tudo volta ao normal.


Vou procurar saber se isso também ocorre com outros idosos, e se o final da história se repete.


O papel do ‘curioso’ agora, passa a ser meu.


A minha profissão de médico — havemos de convir —, facilita essas ‘liberdades’ de questionamento.


Esses tipos de perguntas são mais fáceis de ser feitas e respondidas no ‘cara a cara’ do que nas mensagens.


Mas que fiquei ‘intrigado’, ah, isso eu fiquei!


Não tinha passado por minha cabeça que, um dia seria alvo de tal curiosidade.


De certa forma, esses interrogatórios isentos de pretensão costumam produzir alguma encrenca.


Afinal, também o interrogado pode ser alvejado por perguntas superindiscretas, a lhe causarem desconforto.


É o velho ditado atualíssimo e oportuno que diz: ‘chumbo trocado não dói’.


Quem se dispuser a saber sobre determinado assunto da vida privada de alguém, também deve estar preparado para ser sabatinado a respeito de tema que a este se avizinha.


Em sentido igual, há gente que, no intento de ‘agradar’, acaba por desagradar’ uma pessoa amiga.


A liberdade de perguntar qualquer coisa a outrem é uma moeda de dois lados.


A ‘carapuça’ foi lançada.


Quem quiser pegá-la, que a coloque na cabeça.


Gabriel Novis Neves

20-01-2024





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