Dia
desses recebi a visita do zelador do meu prédio. Vinha cumprir uma
missão. O morador do apartamento debaixo do meu queixou-se que a água do meu
banheiro estava pingando no teto do dele.
Homem
de bem esse zelador! Evangélico, responsável, esforçado, de total confiança.
Tanto é assim que está conosco há vinte anos, ou seja, desde a construção do
prédio. Entende de tudo um pouco e sabe realizar pequenos reparos domésticos
com muita eficiência.
Às
vezes o consulto sobre problemas de saúde.
Com
a sua maleta de ferramentas em punho, levo o zelador até o meu banheiro, falo
para ele ficar à vontade e vou para a minha sala de parto (lugar onde
nascem os meus artigos).
Instantes
depois ele me chama e diz que o problema está resolvido: era apenas uma pequena
troca de válvula.
Gentilmente
me pergunta se tinha mais algum probleminha para resolver.
Pra
que! Desfio logo um rosário de probleminhas que precisavam de atenção. Apesar
de pequenos, traziam um grande incômodo - principalmente para mim que sou uma
nulidade em reparos domésticos. Com os avanços tecnológicos então... aí é que
para tudo de funcionar em casa.
Relatei
as queixas ao eficiente trabalhador e retornei à “sala de parto” para concluir
um trabalho.
Nem
meia hora se passou e o competente Nelson, com um sorriso nos lábios, me
procura e diz que já está tudo resolvido.
-
Você já arrumou o fogão, a máquina de lavar roupa e os aparelhos de televisão?
Não acredito! - exclamei incrédulo.
-
Sim doutor, tudo resolvido – e continuou: - Os aparelhos de TV não tinham
nenhum problema. O problema estava nos controles remotos, foi só regular e
pronto. No final da semana a criançada vem para cá e isto acontece mesmo.
Concordei
com ele e perguntei sobre os outros aparelhos. Ele respondeu:
-
No fogão apenas apertei um parafuso frouxo, por onde vazava o gás. A máquina de
lavar roupa estava programada para enxugar, e não, para lavar.
-
Que maravilha! Tão simples, né? De qualquer forma é preciso saber onde
mexer – falei admirado.
Logo
a seguir acrescentei:
-
Como sou ignorante e ultrapassado em aparelhos domésticos!
Educadamente
o moço me responde:
-
Em tecnologia doméstica o seu tempo está vencido, “seo” doutor.
Ele
tinha toda razão.
Gabriel
Novis Neves
26-08-2013
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