A
grande barreira a ser ultrapassada na vida de todos nós é sempre “O Outro”.
Ela
é tão forte que poucas são as pessoas que conseguem essa verdadeira proeza
durante o período de uma existência.
São
tantas as zonas ocultas de nossa personalidade que, até para nós mesmos, fica
difícil lidar com elas. E o que dizer com relação ao “outro”?
Até
porque, nos encontramos no dia-a-dia com inúmeras contradições, cuja
intensidade fazemos questão de ocultar.
Os
temores e os desencantos com relação ao próximo são tão grandes e tão distantes
que com frequência nos sentimos sós, mesmo no meio da multidão.
Por
mais que tentemos desnudar e desvendar o “outro”, sempre nos deparamos com um
profundo abismo de sentimentos e emoções.
Talvez
por isso seja tão raro encontrar o tão propalado amor, aquele com que sonham os
poetas.
O
encontro das peles é bem mais fácil que o encontro das almas.
O
fluxo energético que emana dos corpos é paradisíaco e, se associado ao encontro
que emana das mentes, é absolutamente mágico!
Nada
mais falso do que imaginar que os opostos se atraem.
Somos
todos narcisistas, em maior ou menor grau, e o que nos fascina
mesmo é encontrar refletido no espelho alguém parecido conosco, não só
nas nossas contradições, mas, principalmente, nas nossas singularidades.
A
face oculta de cada um é um manancial de surpresas.
Somente
quando incorporamos em nós o “outro” é que nos identificamos como nós mesmos,
livres de máscaras sociais para os momentos ditos apropriados.
Lindas
essas reações de construção e desconstrução que se processam na nossa mente e
que fazem com que a vida seja uma benção se valorizados os momentos únicos que
ela pode oferecer!
Essas
multifacetas do ser humano o tornam o animal mais atraente da face da terra.
O
que mais se ouve são as lamentações de termos convivido tantos anos com alguém
e não chegamos a conhecê-lo de fato.
Será
que realmente estávamos interessados nisso, ou apenas nele colocávamos
uma fantasia que no fundo só servia para nos manter numa zona de
conforto?
Imagino
que na busca de reais encontros há que valorizar “o ser”, e não, “o ter”, coisa
não muito frequente na nossa tão falada sociedade de consumo, cujo grande lema
é “tempo é dinheiro”.
Só
muito mais tarde, no ocaso da vida, vamos nos dar conta de quão falsas são
essas palavras.
A
própria natureza começa a nos dar indícios que estamos no caminho errado,
infringindo todas as suas leis de sobrevivência.
Com
o avançar dos anos, cada vez mais vamos fazendo o balanço de nossas vidas e
constatamos que apenas os momentos em que conseguimos nos entregar a uma real
autenticidade é que foram os realmente plenos.
O
tempo que perdemos em ter coisas, apenas nos afasta e nos aliena das
verdadeiras descobertas emocionais para as quais fomos programados e que, com
certeza, é o ápice de nossa existência.
Gabriel
Novis Neves
31-08-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.