Mais
uma vez a sociedade civil acordou achincalhada por seus políticos que,
reiteradamente, insistem em envergonhar a classe que representam.
Através
de voto secreto, na calada da noite, a Câmara dos Deputados acaba de impedir a
cassação de um deputado condenado pelo Supremo Tribunal Federal por crime de
peculato e formação de quadrilha.
O
surreal da história é que a referida figura chegou e saiu do plenário algemado
e em camburão, uma vez que se encontra preso.
Indiferentes
aos clamores das ruas, os nossos políticos continuam dando lições de
corporativismo e, principalmente, de cinismo.
Afinal,
que país é esse que estamos construindo?
Que
manchetes nos jornais internacionais nos aguardam?
E
já que está tão em moda se falar em vandalismo, esse é o vandalismo verdadeiro
praticado contra os cidadãos comuns que produzem riqueza e pagam regularmente
seus altos impostos.
Claro,
abre-se um precedente para que outros políticos, já julgados e aguardando penas
prisionais, tenham a mesma sorte do deputado de Rondônia e igualmente sejam
agraciados com a manutenção de seus mandatos.
Mais
uma vez as nossas esperanças de um mínimo de justiça vão se esvaindo diante dos
fatos.
Tudo
isso nos passa uma sensação de fim de festa, uma espécie de baile da Ilha
Fiscal, em que, cientes da impunidade, esses falsos representantes do povo
continuam se locupletando do dinheiro público, sem maiores consequências.
Aliás,
prisão para eles é mais uma continuação dessa espoliação indevida, já que nós,
a carneirada, continua pagando as suas benesses.
Afivelemos,
portanto, nossos narizes de palhaços enquanto aguardamos a grita de uns poucos
políticos honestos que, certamente, ainda existem.
Que
sejamos poupados de situações como essa que mancham gravemente a nossa história
democrática e nos cobrem de vergonha.
País
pobre, em desenvolvimento sim, mas não visto como uma imensa aldeia surreal.
O
mais indecente nessa farsa de país do terceiro mundo é que, se a votação da
cassação do deputado presidiário em Brasília fosse realizada com o voto não
secreto, o resultado seria outro.
Como
confiar em gente desse tipo na Câmara dos Deputados?
E
dos representantes “do povo” que se abstiveram de votar, ou votaram em branco?
A
festa realmente chegou ao final.
Esperar
por dias melhores está cada vez mais difícil, e com razões.
Pobre
país de vendilhões e covardes!
Gabriel
Novis Neves
29-08-2013
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