Em 1969, na cidade de Alto-Araguaia, almocei sem saber, um prato de arroz com pequi.
Achei a iguaria, que nunca havia degustado, uma maravilha.
Na casa dos meus pais, no Rio de Janeiro e depois de casado com uma carioca, nunca fizemos esse prato da nossa culinária.
Já relatei esse fato em crônica.
A minha cozinheira cuiabana de “tchapa e cruz” me perguntou se eu aceitaria no almoço arroz com pequi.
Pedi que o preparasse, o que fez com todo o carinho.
Não consegui identificar neste servido em casa, o sabor daquele de Alto-Araguaia, e que ficou impregnado em meu cérebro.
Pedi que nunca mais fizesse arroz com pequi para mim.
A sensação que tive foi a mesma que senti quando retornei à Cuiabá e verifiquei que o muro que existia em frente à minha casa não era tão alto como imaginava.
Que a sua calçada era estreita, diferente daquela que deixei para estudar no Rio.
E que o local onde brincávamos de jogar bolitas era tão diminuto.
Existe uma regra que diz que a gente nunca deve voltar aos lugares onde estivemos afastados por muito tempo, pois encontraremos alterações.
Assim deve ter sido com o arroz com pequi feito pela minha cozinheira em minha casa, onde estava tranquilo, sem estresse, longe de qualquer perigo aparente.
Em Alto-Araguaia vinha de um estresse, de viagem de monomotor de Três-Lagoas para Cuiabá.
O mau tempo e a falta de combustível fez o piloto desviar tanta da rota, que pousamos muito distantes de Cuiabá.
Sabemos que o estresse aumenta a liberação de corticoide aumentando o apetite das pessoas.
Exatamente o que ocorreu comigo naquela viagem, quando achei maravilhoso o arroz com pequi.
Estava como dizem os cuiabanos, “morrendo de fome”.
Já em condições normais, sem ansiedade com o apetite controlado, provei e achei diferente o prazeroso e aplaudido prato da culinária cuiabana.
Irei recomendá-lo para almoços em situação de estresse, momento que nunca mais desejo passar.
Gabriel Novis Neves
03-02-2022
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