Pouco
valorizada, a cumplicidade talvez seja o mais forte pilar para uma convivência
duradoura e prazerosa.
Uma
lástima que não a encontremos com relativa frequência, já que o nível de
exigência é variável de pessoa para pessoa.
Nietzsche
dizia: Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira
companhia.
São
tantas as nuances necessárias para conseguir que alguém realmente nos faça
companhia que, com o passar dos anos, vamos desistindo desse sonho.
Quando
ele acontece, não mais são necessárias palavras de convencimento ou de
discórdia, já que as percepções mútuas e simultâneas são automáticas em função
da extrema afinidade mental, e nos sentimos, então, verdadeiramente
acompanhados.
Isso
é válido para as poucas amizades reais, e quando acontece nas relações
amorosas, é uma bela vivência.
Nas
relações entre pais e filhos é muito comum o aparecimento do ciúme quando a
diferença de afinidade provocada pela cumplicidade é percebida.
Aqueles
que, embora muito amados, não conseguem nos fazer companhia, instigam
reflexões, sem que possamos, na maioria das vezes, detectar a causa.
O
fato é que relações, de qualquer tipo, sem esse tempero da cumplicidade vão se
tornando pesadas, com pouca ou nenhuma intimidade e despidas de qualquer
interesse maior, independentemente do tempo que elas durem.
Passamos
a usar máscaras na convivência do dia a dia, o que nos descaracteriza
totalmente como pessoas.
Formam-se
relações formais, mentirosas, ainda que supostamente cordiais.
O
despojamento pessoal, aliado ao diálogo franco, é o único caminho a ser tomado
para fazer aflorar o desnudamento mental, sempre muito mais difícil e
complicado que o físico.
Com
certeza, vale a pena tentar...
Gabriel
Novis Neves
08-01-2015
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