sábado, 8 de maio de 2021

DITADO POPULAR


"Tudo que for bom para os Estados Unidos da América do Norte, será bom para o Brasil”, frase atribuída ao Embaixador brasileiro Roberto Campos, ele mesmo apelidado de Bob Fields por essa declaração.


Não é verdade essa frase que vigorou por muitos anos como um ditado popular.


Notícias de hoje da imprensa mundial fala dos estímulos dos EUA para combate à Covid 19.


O governo e empresários de lá oferecem cerveja, maconha e dinheiro, desconto no supermercado, em restaurantes premiados, ingresso para jogo de beisebol, sorteio de Chevrolet Camaro, como estímulo para a população se vacinar!


O governo federal também oferece crédito fiscal, empresários oferecem folga remunerada aos funcionários que precisam do dia livre para receber a vacina.


Mesmo assim um terço da população simplesmente não quer vacinar, por crença ou desconfiança.


A resistência por parte dos americanos em vacinar, coloca em risco o sucesso da estratégia de imunização do país.


Na capital americana as primeiras pessoas que receberem uma dose na véspera do dia das mães ganharão flores e plantas.


Enquanto isso aqui no Brasil a grande maioria da população brasileira quer vacinar, mas falta vacina.


Lá estão  sobrando vacinas.


Como explicar o comportamento da população da nação mais desenvolvida do mundo, referência em educação, negando a se vacinar, mesmo com todas as facilidades que lhe são oferecidas?


É um caso de estudo para educadores, psicólogos, psicanalistas, antropólogos, sociólogos e teólogos responderem.


Cai também por terra o ditado popular que tanto perseguiu o nosso Embaixador.


Nem sempre o que é bom para os EUA é para o Brasil.


O resto de tudo isso é conversa fiada para boi dormir.


Brasileiros, vamos vacinar e pressionar o governo a comprar vacinas, para a imunização de todos nós!


Gabriel Novis Neves

08-05-2021

sexta-feira, 7 de maio de 2021

ANOS PRODUTIVOS


Li um extenso estudo publicado por uma equipe de médicos e psicólogos no New England Journal of Medicine, nos EUA, que revelou que a idade mais produtiva da vida humana é entre sessenta e setenta anos.


Diz o estudo que a segunda etapa mais produtiva do ser humano é entre os setenta e oitenta anos.


A terceira etapa é entre cinquenta e sessenta anos.


A idade média dos vencedores do Prêmio Nobel é de sessenta e dois anos e a dos presidentes das cem maiores empresas do mundo é de sessenta e três anos.


A idade média dos pastores das cem maiores igrejas dos EUA é de setenta e um anos e a dos papas setenta e seis anos.


È óbvio que não foram consideradas atividades que exigem potência física, como os esportes.


Isso nos confirma que os melhores e mais produtivos anos dos seres humanos estão entre os sessenta e oitenta anos de idade.


Aos sessenta anos você atinge o topo do seu potencial emocional e mental e isso continua até os oitenta anos.


Portanto, se você tem sessenta, setenta e oitenta anos, você está no melhor da sua vida.


É esse “passeio” chamado vida atinge seu ápice bem mais tarde do que muita gente imagina.


Como ficam os retrógados empresários, inclusive de multinacionais, que estabelecem sessenta anos como idade expulsória dos colaboradores?


No Brasil o servidor público tem um limite de setenta e cinco anos para a compulsória definitiva.


O trabalho é polêmico, pois afirmar que aos oitenta anos você está no melhor da vida, quando no Brasil, por exemplo, a expectativa de vida está nos setenta e cinco anos de vida?


Os problemas ósteo articulares fazem parte do dia a dia daqueles com mais de setenta anos, sendo exceção não usar bengala, andador e cadeira de rodas.


Raros nessa idade não terão problemas com a pressão arterial, diabetes e outras frequentes enfermidades desse período.


O estudo americano nos enche de alegria, porém cabe um menos, menos, menos.


Deixei o exercício intenso da medicina aos oitenta. Continuo produzindo escritos diários, mas não sou escritor.


Enfim, como mais de oitentão, resolvi compartilhar essa estatística com vocês, pois a ilusão talvez faça bem á saúde.


Gabriel Novis Neves

05-05-2021

quinta-feira, 6 de maio de 2021

DIA DAS MÃES

Comemoramos o Dia das Mães no segundo domingo do mês de maio - uma vez por ano - , após o pagamento do funcionalismo púbico e privado.


De inspiração mercadológica, compete em vendas com o Natal, embora mãe signifique amor, maternidade e renúncia.


Mesmo na pandemia o apelo do comércio é intenso, transformando essa data em sucesso de vendas.


Qual filho deixará de comprar uma lembrancinha à sua querida mãe, símbolo do amor incondicional?


Vários são os tipos de mães: a biológica, a de peito (aquela que por falta de leite materno da mãe biológica amamenta o bebê durante seus primeiros meses da vida), a adotiva, que oferece à criança  uma nova chance de vida.


Mãe adotiva é pedra preciosa.


Todas merecem o nosso amor e gratidão.


No útero materno, através delas, conhecemos toda a extensão do amor ao Senhor.


Como tenho saudades da minha mãe materna, que foi o meu abrigo, proteção, carinho!


Sempre transmitiu segurança aos seus filhos, nunca competindo, especialmente com filhas adolescentes.


Longe de ser uma mãe tóxica, sempre foi humana, e em vida colheu os frutos da sua dedicação de mãe.


A verdadeira mãe nunca está sozinha em seus pensamentos, sempre tem que pensar duas vezes, uma por ela e outra para seu filho.


Tive outras mães a acompanhar, como a minha mulher Regina, mãe biológica de meus três filhos.


Assumiu o papel de protagonista na educação dessas crianças, todas com ensino superior e agradecidas à sua mãe.


Das minhas netas, três são mães e percebo que herdaram os valores que receberam dos seus pais, repassando-os aos meus bisnetos.


Com certeza o João Gabriel, meu quarto bisneto que está para chegar, receberá a mesma educação, espelhado nas Marias e no Lourenço – meus outros três bisnetos.


O melhor presente que poderia dar à minha mãe, que nos deixou há quinze anos, é essa descendência, que herdou todo seu legado de honradez, fortaleza, justiça, segurança e amor.


Feliz Dia das Mães!


Gabriel Novis Neves

06-05-2021

quarta-feira, 5 de maio de 2021

FOTOS ANTIGAS


Há poucos dias conversei muito com uma querida amiga médica, durante muitos anos minha companheira de hospital.


Sempre, nesses anos todo de convivência, ela ia para o trabalho carregando um livro debaixo do braço.


Era sua marca registrada de presença no laboratório de imagens, embora muitas vezes o trabalho era tão intenso que nem abria o livro.


O motivo da nossa conversa foi sobre as fotos antigas.


No meu tempo de criança as famílias, de um modo geral,  eram numerosas e todos tinham a foto com pais e filhos.


Esse troféu era colocado na parede da sala de visitas. Na minha casa meu pai de terno, minha mãe com o seu melhor vestido e a filharada (éramos nove) com os menores sentados com meus pais no sofá e os mais crescidos de pé atrás deles. 


Chama a atenção que até os anos cinquenta todos estavam sérios.


Os hábitos mudaram, e hoje dificilmente você vê uma foto com pessoas sem um sorriso.


O que aconteceu para essa definitiva mudança de hábitos?


Segundo o psicanalista, escritor e jornalista italiano Contardo Calligaris, falecido em março do ano passado em São Paulo aos setenta e dois anos de idade vítima de câncer, houve uma exigência do sorriso, símbolo de felicidade!


O mercado exige o sorriso,  exigência mercadológico de felicidade.


Os homens, desde sempre , procuram a felicidade e não a encontra. 


Até nos momentos que podemos usufruir da felicidade, nos punimos.


Estamos sempre em constantes buscas. Nossa colega ficou intrigada da felicidade ser uma exigência mercadológica e foi rever suas fotos da infância, sempre sem o desejado sorriso.


De um modo geral, ninguém gosta de ver alguém feliz, e o sorriso engana esse sentimento de felicidade que tanto procuramos.


Procurem fotos antigas e confirmem o que narro.


Estamos  sempre em constantes buscas, desde a perda do Paraíso quando Eva comeu o fruto proibido.


Gabriel Novis Neves

04-05-2021

terça-feira, 4 de maio de 2021

FUNDO DO BAÚ

Remexendo nos arquivos do meu computador descobri uma tese de doutorado da professora de História, Simone Cordeiro Costa Guedes, da UNB  de 2010, sobre a história do Hospital Adauto Botelho, período de 1931-1979.


Nessa tese ela faz uma profunda análise da história da psiquiatra em Cuiabá. 


A coleta do material para seu trabalho foi mais oral do que escrito. Esse se limitou a leitura de jornais na época. 


Ela entrevistou quinze pessoas, entre médicos, enfermeiros, assistente social, odontólogo e colaboradores.

Gostaria de publicar a tese na sua íntegra, mas duzentas e cinquenta e três páginas inviabilizaram o meu desejo.


Fui um dos entrevistados pela professora Simone. Ocupava na época o cargo de diretor daquele manicômio, em 1966 e 1967, a convite do governador Pedro Pedrossian. 


Como recebi carta branca do governador para dar o melhor tratamento aos pacientes, aceitei a missão. 


Fui aluno da psiquiatra Nise da Silveira, mas não sou psiquiatra e jamais imaginei que seria diretor do Hospital Colônia de Alienados do Coxipó da Ponte.


A princípio foi até difícil eu contar para meu pai que havia sido nomeado para aquele cargo. Isto porque havia naquele tempo muito preconceito ao profissional que fosse atuar junto aos “loucos”.


As transformações no hospital continuaram,  mesmo após minha saída no início de 1968 para assumir a Secretaria Estadual de Educação, Cultura, Esporte e Lazer. 


Farei um breve resumo da história daquele hospital. 


Na época em que assumi, o hospital era um verdadeiro depósito de moradores de rua, alcoólatras, mendigos, doentes crônicos de doença mental e até menores abandonados.


Não havia leitos suficientes para essa demanda e reinava a mais absoluta e inaceitável promiscuidade entre homens, mulheres e crianças.


Era comum gravidez de pacientes em tratamento sem identificação do pai. Bom lembrar que naquela época não se fazia o DNA.


O odor fétido tomava conta daquele espaço. A maioria dos pacientes andava sem roupas. Existiam as celas fortes para pacientes em surtos agudos de psicose, que eram acorrentados pelos pés. No nível da cela ficava a privada e, não raramente, pacientes misturavam refeições que recebiam com fezes.


Minha primeira ação foi cuidar da limpeza e higiene dos pacientes.


Adquirimos leitos hospitalares, colchões, roupas de cama e uniformes para homens e mulheres. Compramos também ventiladores de teto.


Mandei chamar um cabelereiro e manicure, além de instituir o banho obrigatório, sempre supervisionado por uma auxiliar de enfermagem.


Acabei com as celas fortes e transformei os espaços em oficinas de costura.


Contratei de uma só vez quinze auxiliares de enfermagem. Duas mandei para Goiânia com bolsa para fazer o curso de graduação em enfermagem.


È bom lembrar que naquela época não havia universidade em Cuiabá.


Contratamos também a “Donana”, uma cozinheira muito famosa em Cuiabá.


Começamos a modificar a parte estrutural do manicômio. A antiga cozinha foi transformada em área de lazer para os pacientes e aos sábados pela manhã, em local de práticas forenses para alunos da Faculdade Federal de Direito, com direito a chá com bolo da Donana e um joguinho de sinuca no final das aulas práticas.


Nova cozinha foi construída com mesas e cadeiras para todos os pacientes.


Havia uma copa para funcionários e visitas. A fama da comida do Adauto Botelho logo se alastrou pela cidade, e o Governador Pedrossian, sempre de surpresa, vinha comer o bife acebolado da querida cozinheira.


Virei professor de Medicina Legal da Faculdade de Direito, sempre lecionando Psiquiatria forense.


O Estado ainda não havia sido dividido, não possuía Manicômio Judiciário, e os pacientes eram encaminhados para nós.


O Juiz da Vara da Infância mandava levar para o Hospital crianças que viviam nas ruas de Cuiabá e, vez por outra, chegaram a abrigar até dez menores.


Eu mandava soltá-las, pois no hospital corriam todos os riscos possíveis. Um dia encontrei com o Juiz internador de menores em hospital de alienados. Ele me disse, falando sério – “vou mandar te prender por descumprir ordem judicial! Fica sabendo que o juiz manda!”


A melhoria da parte estrutural e aumento da área destinada aos pacientes foram realizados em dois anos.


Construímos alguns apartamentos que seriam para pacientes conveniados e particulares, propiciando uma renda própria ao hospital. Desse valor trinta por cento acrescentava aos míseros salários dos funcionários.


Como melhorou o atendimento no hospital! Todos da saúde queriam trabalhar no hospital que melhor pagava seus funcionários. O Governador sabia de tudo e aplaudiu a medida.


Jardins internos, campo de basquete, vôlei e até futsal com piso de concreto foram colocados à disposição de pacientes e funcionários. Possuía torres de iluminação para a prática de esportes noturnos.


Construímos também, fora dos muros do hospital, um campo de futebol com dimensões oficiais. Clubes famosos de Cuiabá, como o Misto Esporte Clube, treinavam lá.


Era a sociedade tendo uma nova visão de loucura!


Adauto Botelho,  hospital que atende todo o Estado, luta contra a insanidade mental, escrevia um periódico de Cuiabá em 1968.


Gabriel Novis Neves

04-05-2021

OUTROS MOMENTOS

Para fugir da solidão que a pandemia nos impôs, voltei a escrever sobre o vírus que mata.


A infertilidade literária de mais de cinco anos teve o seu início com a lesão dos meniscos dos meus joelhos, de forma espontânea.


Isso me obrigou a ficar um longo período em repouso, sem caminhadas diárias, fonte de inspiração dos meus antigos textos.


Depois passei por duas cirurgias cardíacas, várias pneumonias e uma quase fatal endocardite bacteriana.


Voltei a escrever, como disse, para fugir da solidão da pandemia e seus males, mas também para fazer a prevenção dos desarranjos dos meus neurônios e pelo prazer produzido pela serotonina.


O último artigo “Imunização”, publicado no meu blog bar-do-bugre. blogspot.com, compartilhei com alguns amigos.


Recebi respostas generosas, sempre me incentivando a não parar de escrever, as quais agradeço de coração.


Um antigo colega da UFMT, professor de História com doutorado nos Estados Unidos da América do Norte (aposentado), continua exercendo com brilhantismo suas funções de jornalista de rádio, televisão e jornal, leu o artigo e me deu um conselho para escrever sobre outros momentos.


Disse o doutor: “ajuda à você e traria dados sobre este e outros momentos da realidade local”.


Concordo que crônica de um tema só cansa o leitor, e toda a mídia há um ano só fala sobre a pandemia do Covid 19.


Infelizmente não vejo outros momentos locais para um novo artigo sobre a nossa querida cidade.


As novidades teremos, quando as obras, que deveriam ser concluídas para a Copa do Mundo de 2014 forem entregues à população, especialmente o emblemático VLT, o Hospital Júlio Muller na estrada de Santo Antônio, e a melhoria da malha viária.


Falar que há anos fomos governados por alguns  “colonizadores”, que só pensam em seus interesses pessoais?


Escrever sobre política partidária, que só se faz com muita grana ou que os Juízes da Corte Máxima de Justiça, que são nomeados com mandatos perpétuos, muitos inclusive sem nunca terem sido juízes, vivem remendando a Constituição Federal a qual deveriam zelar pelo seu fiel cumprimento?


Esses “outros momentos” não me causam vontade de abordá-los.


Isso sem falar que não temos, com raríssimas exceções, imprensa livre, investigativa, séria.


Nesse mar de terrorismo, prefiro não ter compromisso com as novidades.


Vou continuar a escrever sobre aquilo que me causa emoção, e poderá ser útil à população da minha terra.


Gabriel Novis Neves

04-05-2021

segunda-feira, 3 de maio de 2021

BOM SINAL

 Bom sinal


Moro nos fundos de um restaurante que trabalha com música ao vivo.

Do vigésimo andar, onde está localizado o meu apartamento, vejo pessoas indo e vindo procurando as mesas, além de ouvir perfeitamente os pagodes, sambas de raiz e a boa música popular brasileira.

Durante meses o silêncio dos finais de semana me trazia uma tristeza infinita, sabendo que um dia tudo iria passar.

Com o avanço da vacinação, a melhora dos casos de contaminação e óbitos diminuindo, acredito que o poder público liberou essa atividade tão importante para nosso lazer.

Acho que alguém comemorava aniversário, pois ao terminar o almoço cantaram aquele lindo hino religioso, obrigatório hoje em nossos eventos festivos: “Derrama ó Senhor”.

Mesmo com a segunda dose da vacina, vou esperar catorze dias para colocar com muito cuidado, os pés na rua.

Sempre com máscara e álcool e gel, continuarei respeitando a saúde do próximo e a minha própria.

Só sairei para situações de extrema necessidade, como consultar o cardiologista.

Estou mais otimista com as notícias da compra de vacinas e, principalmente com as estatísticas do consórcio de comunicações.

Estou em contagem regressiva para a chegada do João Gabriel, meu quarto bisneto.

Todos os dias rezo pela saúde dele neste mundo tão difícil.

Deus tem amparado minha imensa família, mesmo nesses momentos dramáticos pelo qual passamos nos primeiros meses deste ano.

Fica a minha gratidão pelo milagre alcançado.

“Já vivi mais que vou viver, e o futuro da vida está na própria vida”.

As pessoas idosas não são as mais infelizes. Elas vivem melhor porque vivem com mais atenção.

Sinto este sábado mais leve... vou fechar o computador e secar ao Flamengo,


Gabriel Novis Neves

01-05-2021