quinta-feira, 17 de julho de 2025

SEMENTES DE ONTEM, FLORES DE AMANHÃ


Na aula inaugural da Faculdade Nacional de Medicina da Praia Vermelha, o professor Bruninho, da cadeira de Histologia, diante de uma plateia de jovens irrequietos, pedia silêncio.

 

Advertíamos para prestar atenção na aula, e deixasse a conversa para o recreio.

 

Nós estávamos sendo preparados, não apenas para sermos bons médicos, mas também os futuros líderes desta nação.

 

Portanto a disciplina da atenção era imprescindível.

 

Fiquei arrepiado diante de tamanha responsabilidade.

 

O velho mestre tinha toda a razão: seis anos passam rápidos.

 

Muitos dos presentes vinham do interior do Brasil.

 

Naquela época o curso tinha terminalidade. Ao concluí-lo, os jovens médicos retornavam às suas cidades natais.

 

Logo, desempenhavam cargos públicos e funções de liderança em suas comunidades.

 

Lembrei-me intensamente daquela aula inaugural ao retornar ao meu torrão natal.

 

Assumi as funções de Diretor Geral de um Hospital Estadual, Professor de Medicina, Secretário Estadual de Educação e Cultura, primeiro Reitor da UFMT, Secretário Estadual do Meio Ambiente, Secretário Chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Secretário Estadual de Saúde.

 

Tornei-me um líder, como profetizara meu professor.

 

Pelo desempenho que tive em todas essas funções, ficou provado que a melhor Faculdade de Medicina à época formava não apenas médicos competentes, mas também líderes comprometidos com o país.

 

Daí a importância de educar bem as nossas crianças — sementes de ontem, flores de amanhã.

 

Com pais conscientes, saúde pública atuante, e escola para todos com bons professores, teremos as flores de amanhã.

 

Sem essa receita, não há saída para a crise que nos assola — uma crise marcada por desvios dos recursos destinados às nossas sementinhas.

 

O resultado dessa desgovernança é o pais desigual em que vivemos: um Brasil de poucos.

 

A porta de entrada para o desenvolvimento de uma nação é pela educação. E não há porta de saída.

 

Os ricos colocam os seus filhos em escolas particulares de tempo integral e ensino bilíngue.

 

Os remediados, em escolas públicas.

 

Os filhos dos pobres aprendem na escola da vida.

 

Temos poucas flores no Brasil.

 

Gabriel Novis Neves

16-07-2025




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