Na aula inaugural da Faculdade Nacional de Medicina da Praia Vermelha, o professor Bruninho, da cadeira de Histologia, diante de uma plateia de jovens irrequietos, pedia silêncio.
Advertíamos para prestar atenção na aula, e deixasse a conversa para o recreio.
Nós estávamos sendo preparados, não apenas para sermos bons médicos, mas também os futuros líderes desta nação.
Portanto a disciplina da atenção era imprescindível.
Fiquei arrepiado diante de tamanha responsabilidade.
O velho mestre tinha toda a razão: seis anos passam rápidos.
Muitos dos presentes vinham do interior do Brasil.
Naquela época o curso tinha terminalidade. Ao concluí-lo, os jovens médicos retornavam às suas cidades natais.
Logo, desempenhavam cargos públicos e funções de liderança em suas comunidades.
Lembrei-me intensamente daquela aula inaugural ao retornar ao meu torrão natal.
Assumi as funções de Diretor Geral de um Hospital Estadual, Professor de Medicina, Secretário Estadual de Educação e Cultura, primeiro Reitor da UFMT, Secretário Estadual do Meio Ambiente, Secretário Chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Secretário Estadual de Saúde.
Tornei-me um líder, como profetizara meu professor.
Pelo desempenho que tive em todas essas funções, ficou provado que a melhor Faculdade de Medicina à época formava não apenas médicos competentes, mas também líderes comprometidos com o país.
Daí a importância de educar bem as nossas crianças — sementes de ontem, flores de amanhã.
Com pais conscientes, saúde pública atuante, e escola para todos com bons professores, teremos as flores de amanhã.
Sem essa receita, não há saída para a crise que nos assola — uma crise marcada por desvios dos recursos destinados às nossas sementinhas.
O resultado dessa desgovernança é o pais desigual em que vivemos: um Brasil de poucos.
A porta de entrada para o desenvolvimento de uma nação é pela educação. E não há porta de saída.
Os ricos colocam os seus filhos em escolas particulares de tempo integral e ensino bilíngue.
Os remediados, em escolas públicas.
Os filhos dos pobres aprendem na escola da vida.
Temos poucas flores no Brasil.
Gabriel Novis Neves
16-07-2025
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