Meus pais nunca tiveram o hábito de criar animais em casa, como cachorros, gatos.
Ao retornar à minha cidade natal para exercer a Medicina, mantive-me afastado desses animais durante os primeiros dez anos.
Certa ocasião, após um plantão de sábado na antiga Maternidade de Cuiabá, fui convencido pelo casal de colegas Loureiro Borba a ficar, ao menos, com um dos filhotes da cadela de raça deles, que havia dado à luz oito machos.
Disseram-me que seria bom para o desenvolvimento psicológico dos meus dois meninos.
Cheguei à casa da rua Major Gama, no Porto, com o pequeno presente.
Minha mulher não opinou, tampouco minha filha.
Os meninos levaram o cachorrinho recém-nascido para o quarto deles.
Dormia na cama com eles.
Cresceu rápido e tornou-se um grande animal, totalmente domesticado.
Com o tempo, passou a estranhar pessoas.
O cachorro era como irmão para os meus filhos.
Às vezes, encontrava a porta da rua aberta e fugia, colocando em risco a integridade física de quem passasse.
Eu tive receio das carícias dele, enquanto meus meninos enfiavam a mão dentro de sua boca.
Com a idade, faleceu — e os meninos sofreram muito.
Meu filho mais velho casou-se cedo e sempre teve cachorros em casa.
Hoje, cria três em seu apartamento — tratados como filhos.
Já o caçula abandonou a companhia dos cães.
No edifício onde moro alguns vizinhos criam cachorros em seus apartamentos, o que costuma causar problemas ao síndico.
Do meu apartamento, ouço latidos do cachorro do vizinho para o nada.
Talvez estejam pedindo aos donos o necessário passeio pelas calçadas da quadra.
Há quem diga que o cachorro é o melhor amigo do homem.
E, em nome dessa amizade, muitos arranjam inimizades por conta das necessidades biológicas dos seus bichos.
Os animais deveriam ser criados em contato com a natureza — e não presos em gaiolas.
Gabriel Novis Neves
25-07-2025
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