terça-feira, 29 de julho de 2025

O CACHORRO DO VIZINHO


Meus pais nunca tiveram o hábito de criar animais em casa, como cachorros, gatos.

 

Ao retornar à minha cidade natal para exercer a Medicina, mantive-me afastado desses animais durante os primeiros dez anos.

 

Certa ocasião, após um plantão de sábado na antiga Maternidade de Cuiabá, fui convencido pelo casal de colegas Loureiro Borba a ficar, ao menos, com um dos filhotes da cadela de raça deles, que havia dado à luz oito machos.

 

Disseram-me que seria bom para o desenvolvimento psicológico dos meus dois meninos.

 

Cheguei à casa da rua Major Gama, no Porto, com o pequeno presente.

 

Minha mulher não opinou, tampouco minha filha.

 

Os meninos levaram o cachorrinho recém-nascido para o quarto deles.

 

Dormia na cama com eles.

 

Cresceu rápido e tornou-se um grande animal, totalmente domesticado.

 

Com o tempo, passou a estranhar pessoas.

 

O cachorro era como irmão para os meus filhos.

 

Às vezes, encontrava a porta da rua aberta e fugia, colocando em risco a integridade física de quem passasse.

 

Eu tive receio das carícias dele, enquanto meus meninos enfiavam a mão dentro de sua boca.

 

Com a idade, faleceu — e os meninos sofreram muito.

 

Meu filho mais velho casou-se cedo e sempre teve cachorros em casa.

 

Hoje, cria três em seu apartamento — tratados como filhos.

 

Já o caçula abandonou a companhia dos cães.

 

No edifício onde moro alguns vizinhos criam cachorros em seus apartamentos, o que costuma causar problemas ao síndico.

 

Do meu apartamento, ouço latidos do cachorro do vizinho para o nada.

 

Talvez estejam pedindo aos donos o necessário passeio pelas calçadas da quadra.

 

Há quem diga que o cachorro é o melhor amigo do homem.

 

E, em nome dessa amizade, muitos arranjam inimizades por conta das necessidades biológicas dos seus bichos.

 

Os animais deveriam ser criados em contato com a natureza — e não presos em gaiolas.

 

Gabriel Novis Neves

25-07-2025




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