Nasci na rua de Baixo, em casa, no dia 06 de julho de 1935.
Cuiabá, naquela época, era uma cidade pequena e tranquila, com cerca de 30 mil habitantes.
A vida seguia um ritmo simples, marcada pelas tradições locais e por uma forte ligação com a natureza.
O calor já era uma de suas marcas registradas, e a cidade crescia lentamente, envolta por rios e pela vegetação típica do cerrado.
As ruas eram, em sua maioria, de terra batida. As casas, de adobe ou madeira, ostentavam telhados de telha colonial.
A educação era limitada: havia poucas escolas, e o ensino era básico, acessível apenas a uma parte da população.
As famílias com melhores condições contratavam professores particulares ou enviavam seus filhos para estudar em cidades maiores, como São Paulo ou Rio de Janeiro.
Para os mais pobres, a escola era um privilégio. Muitos aprendiam apenas o necessário para o dia a dia.
Na saúde pública, a situação também era precária.
Havia poucos hospitais, e o atendimento médico era restrito.
A população recorria a remédios caseiros e às benzedeiras para tratar doenças comuns.
Epidemias como febre amarela e malária eram frequentes, agravadas pela proximidade dos rios e pela ausência de saneamento básico.
O transporte em Cuiabá era muito diferente do que conhecemos hoje.
Carros eram raríssimos, privilégio dos muito ricos.
A locomoção se dava, em grande parte, a pé, de carroça ou a cavalo.
A cidade permanecia isolada do restante do país, pois não havia estradas ligando Cuiabá a outros grandes centros urbanos.
A urbanização era rudimentar. Algumas ruas principais começavam a receber calçamento, mas a maioria permanecia simples.
A iluminação pública era feita por lampiões de querosene, que iluminavam apenas os pontos centrais da cidade.
O comércio era escasso, e a economia girava em torno da agricultura, da pecuária, da pesca e de pequenas trocas.
Apesar das dificuldades, a vida social era intensa.
Festas religiosas, como a celebração de São Benedito, reuniam a comunidade e traziam alegria.
A convivência entre vizinhos era solidária: todos se ajudavam.
A felicidade brotava das coisas simples — das conversas nas varandas, das rodas de viola, das tradições mantidas com carinho e respeito.
Antes de completar sete anos, fui matriculado no Grupo Escolar para ser alfabetizado.
Aos dez, meus pais se mudaram para um casarão na rua do Campo.
Estudei o ginásio no Colégio dos Padres, e dois anos do científico no Colégio Estadual.
Para estudar Medicina, fui morar no Rio de Janeiro, em março de 1953.
Retornei médico em julho de 1964.
Tive a honra de participar do desenvolvimento de Cuiabá, hoje uma cidade com mais de 600 mil habitantes.
Os jovens não precisam mais sair daqui para cursar Medicina e outras carreiras superiores.
Gabriel Novis Neves
06-07-2025
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