Emprestei essa frase dos antigos narradores esportivos do rádio antes da chegada da televisão para anunciar que a partida de futebol estava chegando ao seu final.
Em casa cada ouvinte criava o seu cenário.
E os narradores pertenciam à elite da intelectuidade, sendo compositores, músicos e escritores.
Ari Barroso, Antônio Maria, Chico Anísio, Antônio Cordeiro, Jorge Curi, Oduvaldo Cozzi, Raul Longras, Doalcey Bueno de Camargo, Waldir Amaral, foram da época de ouro das rádios no Rio de Janeiro, mais ligados ao interior do Brasil e Mato Grosso.
Alguns descendentes de italianos em Cuiabá eram mais apegados às emissoras da cidade de São Paulo, e seus excelentes narradores esportivos: Geraldo José de Almeida, Fiori Gigliotti, Jota Junior, Luciano do Vale, Osmar Santos, Sílvio Luís entre outros
Em 1948, eu ‘via’ o jogo dos clubes cariocas pelas transmissões das rádios, com retransmissões assim que as partidas terminavam.
As rádios locais também eram fortes nas transmissões das partidas locais, com bons narradores como Ivo de Almeida, Márcio José de Arruda, Luís Atílio, Djalma Valadares, Edipson Morbeck, Mário Márcio.
Para dar suporte a essa fantasia que ouvíamos, existiam revistas especializadas em futebol, e colunas esportivas em jornais de prestígio com Nelson Rodrigues, Armando Nogueira, João Saldanha e tantas outras estrelas do nosso jornalismo.
Existia no Rio um jornal como o do Mário Filho, impresso em folhas cor de rosa, da família Rodrigues, cujo único assunto era esporte, principalmente futebol.
Essa geração pré-televisão formou uma equipe de narradores, que fazia o torcedor de futebol ‘ver aquilo que ouvia’.
Deixava para nossa imaginação o prazer das partidas de futebol transmitidas pelas rádios.
Veio a televisão, e para assistir aos jogos pela TV retiro o som do aparelho ficando apenas com as imagens, e os narradores estão em extinção.
Estes transmitem dos estúdios da emissora os jogos de futebol, e os ‘famosos bordões’ estão desaparecendo.
Para diminuir os custos da transmissão com o futebol, os ‘grandes comentaristas’ foram sendo substituídos por ex-jogadores de futebol, e professoras de educação física ou práticas.
Iniciei o texto com a frase poética do final das partidas de futebol:
‘Ao apagar das luzes”, lembrando de outra não menos bela, que é do seu início:
‘Abrem-se as cortinas do Pacaembu para o grande espetáculo’!
Assim era bem antigamente, onde tudo tinha lugar para a poesia criativa!
Gabriel Novis Neves
08-08-2024
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