Estou me desfazendo do acúmulo de coisas inúteis que habitam o meu cérebro. A fórmula que encontrei para me libertar de todas estas porcarias foi - escrever.
No momento os meus pensamentos escoam melhor escrevendo em velhos cadernos - talvez pela identificação com a minha alfabetização e tantos anos de escolaridade. Escorrem com relativa facilidade do meu cérebro. Num primeiro instante não me preocupo com a forma, nem tampouco com o que estou derramando no papel. Não costumo reler, de imediato, o que escrevo. Num segundo instante, que acontece sempre pela madrugada, enquanto me apronto no banheiro, releio o que escrevi e faço as indispensáveis correções. Vem agora o terceiro instante, que é passar a mensagem para o computador. Peço ajuda ao meu irmão que perdeu uma visão e sobreviveu a um AVC (acidente vascular cerebral).
Com o olho bom ele dita o texto para mim. Digito apenas com um dedo, e no final dá tudo certo. A produção é assim. Só me resta trabalhar com muito humor, mesmo comentando coisas sérias. Dois deficientes. Um “avecista” e o outro “dedista” trabalhando juntos.
É uma história que precisa de muita coragem e confiança para ser contada. Os meus artigos são ditados pelo meu irmão avecista, que só tem um olho, para o digitador, que só tem um dedo que trabalha. Nem em livros de auto-estima, encontramos exemplo tão didático!
Tudo é possível com esforço! Talento? Tá longe da dupla de cento e quarenta e cinco anos. Vontade de lutar sim, esta continua para que não envelheçamos precocemente - e a cena ao vivo nos faz rir o tempo todo!
Como é que pode né?
Gabriel Novis Neves
05/12/09.
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