quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Consegui entender

À distância é sempre difícil entender as coisas. Só agora consegui detalhes da Reunião de Copenhague. O que me “interessava saber” nunca “interessou” a nossa mídia. Fiquei com a imagem que o que lá aconteceu foi um fiasco, com imensa farra.

Esta semana tive acesso a certas informações que mataram algumas das minhas curiosidades. Mato Grosso esteve representado na terra dos reis por uma comitiva de dezenove pessoas - número maior que de muitos países. Desse povão, mais ou menos doze, participaram das reuniões. Os outros preferiram ir às compras.

Copenhague é uma cidade de pouco mais de um milhão de habitantes. Com estrutura hoteleira insuficiente para receber delegações de mais de cento e noventa nações, os mato-grossenses ficaram hospedados na pequena cidade de Malmoe, na Suécia, com trezentos mil habitantes. Foi na Suécia que o Brasil conquistou a Copa do Mundo de 1958, quando fomos campeões pela primeira vez.

Os Governos do Pará e Amazonas financiaram a presença do Ator-Governador da Califórnia e seus inúmeros seguranças, além da presença das ONGS americanas. Os produtores rurais de Mato Grosso organizaram uma palestra distante da área de eventos e conseguiram reunir cerca de quarenta pessoas do mundo. O nosso Governador esteve presente, mas não quis falar. Compareceu ao Fórum dos Governadores da Amazônia, longe também do Centro principal dos eventos. Apresentou na ocasião o “Programa de Redução de Emissões, Desmatamento e Degradação (REDD), junto às ONGS.

Em uma reunião presidida pela chefe da delegação brasileira, o Governador do Amazonas e um Deputado Federal do mesmo Estado, participaram da mesa dos trabalhos. O nosso Governador ficou na platéia. A Ministra estava muito nervosa, e, como de hábito, mal humorada. Não teve tempo de ler o texto preparado pelo “toc-toc-toc”, e demonstrou certo desinteresse pelo meio ambiente. Na hora de saudar as autoridades brasileiras presentes ao evento, chamou o nosso Governador de Governador de Mato Grosso do Sul. Foi vaiada, e alguém disse a ministra que no próximo ano ela terá a oportunidade de conhecer o Brasil e os dois Mato Grosso.

O discurso lido pela Ministra foi feito para agradar o Primeiro Ministro Chinês presente à reunião. Quando ela disse: “- O meio ambiente não pode atrapalhar o desenvolvimento sustentável” - as vaias surgiram. O único dos presentes que balançou a cabeça em sinal de aprovação foi o chinês. Nosso Governador não se manifestou, mas demonstrou contrariedade com a tese comercial da mãe do Apagão. O Brasil, naquele ato, não falou para o mundo. Falou para a China. O Brasil conseguiu formar um bloquinho chamado BACT (Brasil-África-China-Índia), para defender o meio ambiente!

A burocracia do encontro foi o ponto alto: muito papel, filas quilométricas que impediu que metade dos participantes conseguisse entrar no pavilhão principal. A ministra brigou o tempo todo com o ministro dos coletes coloridos. A nossa senadora só pode ficar dois dias. A fantástica segurança do Presidente dos Estados Unidos e do Irã, chamou a atenção de todos. O nosso Presidente quando “adentrou” ao Pavilhão de Eventos provocou um delírio parecido ao provocado pelas Escolas de Samba no Sambódromo.

Concluindo: A Europa só tem um problema: energia. Os países em desenvolvimento, subdesenvolvidos e miseráveis, além do problema da energia, têm seriíssimos outros problemas que precisam ser resolvidos, nas áreas da educação, ciência, tecnologia, infra- estrutura e a superpopulação humana.

Não aconteceu mesmo nada na Dinamarca! Agora consegui entender.

Gabriel Novis Neves
27/12/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.