quarta-feira, 19 de junho de 2024

HOSPEDARIA


Para manter a harmonia no lugar de trabalho trato cada funcionária que trabalha comigo pelo ‘apelido’ — são quatro.


Assim tenho:


‘Funcionária pública’ — é a cozinheira.


Chega ao serviço pontualmente às oito horas da manhã e às quatro da tarde, ou um pouco antes, retorna para sua casa.


Nunca falta ao trabalho, e quando se atrasa me traz um atestado médico.


Eu a avalio como uma funcionária exemplar.


‘Plantonista’ — é a enfermeira noturna, que graças a Deus dorme à noite toda, sinal que estou muito bem de saúde.


Se deixar a minha casa pela manhã exausta de tanto trabalhar em noite mal dormida, é que estou mal de saúde.


‘Estagiária’ — é a técnica de enfermagem que me faz companhia aos domingos, passando a tarde-noite assistindo comigo aos ‘jogos do brasileirão’.


Depois descansa na sua suíte.


'Hospedeira' — minha filha, após a minha alta da UTI em março, encaminhou uma ‘cria da casa’ para me fazer companhia durante o dia, facilmente alcançável pela campainha que fica comigo.


Suas obrigações terminam às quatro horas da tarde.


De uns tempos para cá, ela vai para sua pensão (aluga um quarto na casa de ‘uma irmã da igreja’).


O curioso é que ás nove e meia da noite ela retorna ao seu local de trabalho, para ‘pousar na hospedaria’, razão do seu apelido.


Elas riem dos apelidos, e usam entre elas.


Funcionária pública, plantonista noturna, estagiária e hóspede da hospedaria.


‘Terrorista’ — é o fisioterapeuta que me atende em casa duas ou três vezes por semana.


Não conheço ninguém que não reclama dos exercícios do fisioterapeuta.


Daí o seu apelido de ‘terrorista’.


Só não o dispenso por ser um excelente profissional e também pelos seus ‘conhecimentos em internet e celular’.


Ninguém se cansa trabalhando comigo, pois sou um velhinho que administro a minha casa, durmo bem à noite e só resmungo do ‘dói’.


O tempo passa e eu continuo firme e forte com a cabeça boa, fazendo coisas que até o diabo dúvida.


Mesmo assim para ‘pura tranquilidade dos meus filhos’, o número de ‘cuidadoras’ cada vez aumenta mais, consumindo boa parte do meu holerite.


Quem será a próxima a vir cuidar de mim e para quê?


Gabriel Novis Neves

18-06-2024




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