Assisti a um documentário dos 90 anos do Mixto Esporte Clube, por sinal muito bem feito, que resgata, em parte, a linda história do clube da rua Cândido Mariano.
Conheci quase todos os fundadores do preto e branco.
Citarei nesta crônica os mais marcantes da história do clube fundado na papelaria Pepe, por homens e mulheres.
Morei por dez anos na rua de Baixo, vizinho do professor Ranulpho Paes de Barros.
Passei-o a admirá-lo pela sua dedicação ao clube.
Nos domingos, da janela da minha casa, via o professor Ranulpho se dirigir ao campo do Colégio Estadual, inaugurado em 1942 por Júlio Muller.
De terno branco e gravata, ia assistir à preliminar, formado pelos jogadores reservas, daquele que foi o seu time do coração.
Naquela época os cuiabanos e migrantes torciam pelos times de São Paulo, e principalmente, do Rio de Janeiro, onde era maior a colônia cuiabana, lugar predileto dos nossos jovens que procuravam cursar uma faculdade.
Em 1946 me mudei para a rua do Campo entre o Clube Feminino e a sede da Academia de Mato Groso.
Com meus colegas organizávamos ‘campeonatos de jogos de botão’, confeccionados em casa e jogado no chão do corredor, sala de visita e quarto.
Lá em casa na época éramos três meninos, e cada um escolheu seu time, que era do Rio de Janeiro.
Eu logo escolhi o Botafogo de Futebol e Regatas para ser o meu time de botão.
Pedro, o Fluminense, e o Inon o Flamengo.
Meu pai apreciava as touradas no Campo d´Ourique e a corrida de cavalos na Várzea de Ana Poupina.
Tive um colega que tinha um jogo de botões do Bangu.
O futebol cuiabano era totalmente amador e todos os seus craques exerciam alguma atividade.
Na quadra, após a Academia de Letras, bem na outra esquina, um rapaz que estava concluindo o ensino de 2º grau, para estudar medicina no Rio de Janeiro, jogava futebol pelo Americano.
Nos dias de jogos do seu clube, saía de casa com uniforme e chuteiras.
Ia caminhando pelas calçadas até o campo do Colégio Estadual, no Bosque.
Amigo, e futuro colega, retornava assim para casa.
Mixto, Dom Bosco, Americano, Paulistano e ABC eram os clubes que me lembro.
O Lisboa, roupeiro do Mixto morava na rua atrás da minha casa e participava das nossas brincadeiras.
Pepe e Naly, donas da Papelaria Pepe, não perdiam um jogo de futebol aos domingos.
Praticavam tênis pelo Mixto, indo uniformizadas e com raquetes e bolas ao Estádio do Colégio Estadual.
Eu me tornei torcedor do Americano e Botafogo no Rio.
No Rio de Janeiro assisti à estreia do Garrincha jogando no time de aspirantes do Botafogo, em março de 1953, no estádio da rua General Severiano.
No retorno à minha cidade natal para exercer a minha profissão de médico, não encontrei mais o Americano, Paulistano e ABC.
Os jogos eram realizados no Dutrinha, no Porto.
Morei quase em frente da casa da dona Zulmira Canavarros que se tornou minha cliente. Era fundadora e autora do lindo hino do Mixto.
Deixei de torcer por clubes daqui, sem antes não assistir a um jogo de futebol de um clube profissional e amador.
O Madureira do Rio de Janeiro deu um show no meu Americano, em 1952.
Gabriel Novis Neves
30-05-2024
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