quinta-feira, 23 de maio de 2024

"FRIAGEM" NATURAL E ARTIFICIAL


Retorno ao escritório após a curta sesta e o ambiente é diferente do da parte da manhã,


O vidro da janela permanece fechado, mas o sol apareceu e invadiu o local onde escrevo meus textos.


A temperatura neste momento está no máximo programado para hoje de 28º, e uma mínima de 17º.


Desta ‘friagem’, hoje será o dia mais frio dos próximos nove dias.


O sol acaricia com o seu calor as minhas costas, porém, não me importunando para abrir a janela de vidro.


Vou assistir ao sol se esconder atrás da Terra, num espetáculo maravilhoso da natureza.


Para dormir ligarei o ar-refrigerado do meu dormitório em 19 graus.


Quero curtir esse friozinho da máquina debaixo da colcha e cobertor.


É um artifício para se ter uma doce ilusão de um ‘inverno de verdade’ ou pelo menos igual ao da Chapada.


Quando viajava com o avô da Regina, diplomata concursado do Itamarati, ele reservava quarto no hotel mais conservador da cidade.


Costumava me chamar às dez horas da manhã no bar do hotel, onde o encontrava todo vestido de terno de casimira inglesa, casaco comprido, luvas, chapéu e monóculos.


Eu de terno da Ducal, colete de tricô de lã feito pela minha mãe.


Estava me convidando para tomar um cálice de vinho do Porto, ‘preparando o estomago’ para o almoço de carnes e pães franceses com manteiga, presunto, salaminho e queijos.


Uma garrafa de vinho tinto para satisfazer aos convidados.


Essa era a rotina dos dias que passávamos fora do Brasil.


Nunca soube o valor dessas extravagâncias, que começava pelo transporte aéreo em ‘poltronas’ da 1ª classe, com direito à champanha francês logo após a decolagem do avião.


Esse era o frio que me deixou saudades, e que eu gostava tanto!


O que é ‘bom dura pouco’, e o calorão faz mal à minha saúde.


Um governador sonhador, médico, na primeira metade do século vinte, tentou mudar a capital do Estado para a Chapada dos Guimarães.


Sabia dos males que as temperaturas elevadas causam à nossa saúde.


Dr. Mário Correa da Costa via Cuiabá como uma pequena cidade histórica, e a Chapada como capital de Mato Grosso.


A tecnologia da época inviabilizou esse sonho, pois a Chapada não possui rios para abastecer uma grande cidade no Centro-Oeste Brasileiro.


Hoje com modernas tecnologias, são construídas cidades no deserto.


E ‘o sol do nosso inverno’ está na linha do meu escritório.


Gabriel Novis Neves

20-05-2024




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