De
todos os prazeres, com certeza, o da comida
é um dos mais longos. Por isso mesmo, um dos mais desejados.
A
substituição das frustrações e dos desencontros da vida, normalmente é feita
através de refeições fartas e prazerosas.
Assim,
desde sempre, relacionar datas festivas especiais às comemorações, é uma prática
comum em nossa sociedade.
Desde
os tempos antigos dos gregos e romanos, grandes momentos de prazer e
descontração estavam associados aos famosos banquetes históricos.
Inclusive,
as grandes orgias estavam sempre vinculadas aos delírios gastronômicos.
Há
alguns anos, muito me impressionou um filme espanhol em que os convivas se
reuniam para uma grande refeição, durante a qual iam se desmoronando
psicologicamente, até chegarem a um final absolutamente surreal, tal como se
estivéssemos diante de uma obra de Salvador Dali.
O
mundo moderno, com a pressa que o caracteriza, transformou radicalmente o
ritual da alimentação, antes requintado e formal, nos poucos minutos de entrega
ao “fast food”. Com isso, o mundo, não só engordou muito, como emagreceu as
suas trocas emocionais durante a mesa.
Também
a industrialização do setor alimentar
abreviou os longos preparos artesanais do passado, inclusive em detrimento da
qualidade do ingerido.
Atualmente,
só os muito abastados podem usufruir desses privilégios em restaurantes de alto
custo com chefs para isso formados.
A
grande parcela da população mundial vem, ao contrário, se alimentando de uma
maneira mais errada e mais rápida.
Já
é alarmante o aumento do número de
crianças obesas nos vários pontos do planeta e, com isso, o aumento de doenças
decorrentes, antes raras nessa faixa etária.
A
gastronomia tem sido fortemente alavancada pela economia de mercado, que vê
nesse filão, altos lucros. Não por
acaso, aumentaram tanto os eventos gastronômicos e a maciça propaganda nas
diversas mídias.
Não
tão estigmatizado, o prazer da mesa nunca foi tão divulgado e incentivado.
Desconfio
sempre das pessoas que se submetem à ditadura da forma em detrimento de refeições saudáveis e
prazerosas.
Triste
a hipervalorização da beleza, num mundo tão carente de tantas outras emoções
verdadeiras e muito mais impactantes.
Comer
bem não é comer muito, mas sim dar
importância real à qualidade do que se come.
Nunca
esquecer que o homem é essencialmente o que Pensa e o que Come.
Gabriel Novis Neves
17-03-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.