Há décadas existe na televisão um programa popular, comandado sempre pelo dono da emissora, chamado: “Topa tudo por dinheiro”. É líder absoluto de audiência no seu horário.
“Quem quer mais?” Grita o apresentador jogando notas de dinheiro para o delirante auditório. E repete: “Quem quer mais, quem quer mais?”
Casualmente presenciei um espetáculo que poderia servir de base a um novo programa de auditório na televisão: “Topa tudo por emprego.”
O espetáculo foi o seguinte: um caminhão de propaganda política eleitoral trafegava pelas ruas. Em cima do caminhão duas figuras políticas, mas com trajetórias de vida privada e política diametralmente opostas.
Uma delas galgou degrau por degrau para chegar, pela vontade popular e méritos pessoais, ao topo de uma carreira legislativa - com ética e trabalho. Traída pelo partido que ajudou a construir, está sem mandato. A outra figura é funcionário público federal comissionado. É um tatu em cima de um pau. Alguém o colocou lá e todo mundo sabe quem foi. Na sua biografia política consta que participou de uma eleição de vereador em uma pequena cidade não mato-grossense e não obteve sucesso. Toda a sua história profissional está ligada a um poderoso grupo empresarial. Foi também funcionário comissionado de uma Casa de Leis em Brasília e durante anos aqui em Mato Grosso.
O espetáculo que vi é difícil de digerir, quanto mais compreender, mas era a realidade. Peço então socorro a Fernando Pessoa:
“Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma coisa,
E haver gente que erra é original,
Se não houvesse imperfeição, havia uma coisa a menos,
E deve haver muita coisa
Para termos muito que ver e ouvir...”
Gabriel Novis Neves (7.5+101)
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