Aqueles que me seguem pelo Bar do Bugre — blog onde publico minhas crônicas do cotidiano —, capitalizam a meu favor este desejo: continue ‘de bem’ com a vida.
Agrada-me esse carinho. Mas não creio que bate com a verdade: ao longo da minha longa vida, nunca estive ‘de mal’ com ela.
Enfrentei dificuldades no decorrer dos meus dias, mas sempre ‘de bem’. Nem de longe cheguei a pensar em ficar de mal com ela.
Não me era próprio pensar no envelhecer, no adoecer. Nem mesmo no ter os meus movimentos limitados.
Tive medo, sim. Sobretudo o de sofrer humilhações financeiras na última fase da existência.
Quantos casos conheço de pessoas que trabalharam a vida toda e, entradas na aposentadoria, precisaram da ajuda financeira de terceiros para arcar com seus compromissos.
A tanto é que chamo de humilhações financeiras, em especial aos que já navegam a nau dos setenta anos.
Nessa altura, mesmo uma pessoa saudável tem sua despesa de farmácia elevada. Some-se a ‘extra’ com os cuidadores, que nos atendem vinte e quatro horas ao dia.
Para os longevos, ter um fisioterapeuta é necessidade que se inicia nas academias. Depois, isso se dá em casa, onde o preço se agiganta.
O velho — isso parece ser frequente — mora em apartamentos espaçosos com seus filhos. Há dos que continuam a residir em casas amplas.
Quando o ninho fica vazio — dado o casamento dos filhos —, a solidão abate o velho. É aí que pensa em mudar para um espaço menor. Intento é minimizar os gastos.
Por vezes, nem consegue isso, pois, com o tempo, foi acumulando um mundo de quinquilharias, o que não lhe permite sair de onde está.
Listei alguns fatos que enfrentei — e que ainda enfrento no meu dia a dia —, sempre abraçando o lado bom da vida.
Fui obrigado a pôr, num segundo plano, alguns prazeres que a juventude tem em conta. É o caso das viagens, algo que sempre me fascinou. Como me dói saber que não as aproveitei!
Minha vida laboral acabou por privilegiar atividades associadas à profissão, relegando tudo quanto se referia a projetos pessoais.
Por isso, embora as falas dos amigos me sejam um afago — e quem não gosta duma palavra carinhosa —, chego a me surpreender.
Os que bem me conhecem, não ignoram que jamais deixei de buscar o que me faz bem. Ah, desde que isso não viesse a se opor aos interesses da comunidade onde vivo!
Gabriel Novis Neves
9-3-2024
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